1 Reis 15.11; 15.34 (3)

1 Reis 15.11; 15.34

Nosso próximo passo é tentar entender a figura de Jeroboão como símbolo de um mau governante. Já vimos como em 1 Reis 14.8 Jeroboão é diretamente confrontado com Davi: “não foste como Davi”. 1 Reis 15.34 traz pela primeira vez uma frase que será repetida sempre de novo quando maus governantes são avaliados: “Fez o que era mau diante dos olhos do Senhor, andou no caminho de Jeroboão”.

O “caminho de Jeroboão” é caracterizado nos textos de várias maneiras, todas convergindo num ponto central. “Fizeste outros deuses e imagens fundidas”, “me viraste as costas” (1 Reis 14.9). Não são só os pecados cometidos pelo próprio Jeroboão o problema, mas também os pecados que levou o povo a cometer. Isso é repetido sempre de novo.

1 Reis 12.25-33 fala de medidas que Jeroboão tomou logo no início do seu governo. A mais repulsiva foi mandar fazer dois bezerros de ouro e conclamar o povo a adorá-los (12.28-30). É provável que a retórica que acompanhou essa medida relacionava o bezerro de ouro com o Deus de Israel. Ou seja, o povo devia ser convencido de que ao adorarem junto ao bezerro de ouro continuavam adorando o Senhor, o Deus de Israel. A medida foi acompanhada pela construção de novos santuários, a instituição de uma nova casta de sacerdotes, e a promulgação de um novo calendário de festas religiosas (12.31-33).

1 Reis 13.1-10 conta uma história que é elucidativa. Jeroboão se encontrava junto a um dos novos altares que havia instituído, oferecendo incenso (13.1). O que não era atribuição de um rei. Deus manda um profeta confrontar o rei, anunciando-lhe a condenação divina dos seus atos. A reação de Jeroboão mostra o contraste maior entre ele e Davi. Jeroboão manda prender o profeta. O altar se quebra e o rei fica paralizado. Vendo isso, em sua momentânea impotência ele muda de tática e fala manso. “Implora o favor do Senhor, teu Deus, e ora por mim”, diz o rei ao profeta (13.6). Tendo a situação se normalizado, Jeroboão tenta agora cooptar o profeta para a sua causa (13.7).  

Chama a atenção que Jeroboão fala do Senhor como o “teu” Deus. Não dá nenhum sinal de remorso ou arrependimento, quanto menos uma confissão de pecado. Faz tudo para estar sempre no controle. Afinal, ele é o rei. Virar as costas ao Deus verdadeiro e criar seus próprios deuses (12.9) pode ser visto como expressão disso. E arrastar seu povo junto, também. E assim vamos percebendo o que leva os textos bíblicos a se afeiçoar ao estilo de governante representado por Davi e se indignar com o estilo de governante representado por Jeroboão.

Dia 315 – Ano 1