2 Reis 1

2 Reis 1

O Segundo Livro dos Reis emenda direto no Primeiro. Começa com uma notícia do tipo habitual no cenário geopolítico. Por aqueles dias, Moabe era um estado vassalo de Israel. A morte de um rei, e a mudança de poder que acontecia, muitas vezes propiciavam a oportunidade esperada para buscar independência. Por isso é dito que Moabe “se revoltou” contra Israel (2 Reis 1.1) depois da morte do rei Acabe.

Acazias, o sucessor de Acabe que foi apresentado no final de 1 Reis, teve um acidente grave, e mandou mensageiros consultar Baal Zebub, o deus de Ecrom, uma cidade cananéia, sobre sua condição. Um anjo aparece a Elias, o profeta, e lhe diz para ir ao encontro da comitiva israelita. Aqui há um sutil jogo de palavras. Acazias manda “mensageiros” ao deus estrangeiro. Deus manda um “mensageiro” (anjo) a Elias (1.3). O deus a quem o rei de Israel apela está numa ponta da linha de comunicação. Ele não fala. O Deus de Israel está na outra ponta. Ele toma a iniciativa e fala, através do anjo, com o profeta, que por sua vez deve levar a mensagem aos mensageiros do rei de Israel. 

O texto apresenta a mensagem, e diz que “Elias foi”, e que os mensageiros “voltaram” a Samaria com a mensagem de Elias ao rei. E contaram a ele o que se passou. O foco da mensagem profética é: não há Deus em Israel, para que vocês tenham que ir consultar um outro deus? O rei indaga sobre a aparência do homem, e conclui: é Elias (1.4-8). Bem no espírito de Jeroboão, o rei não acata a palavra do profeta, manda uma tropa com um capitão e 50 homens atrás dele. E começa um confronto entre o poder do rei e o do profeta, que se encontra no alto de um monte.

“Homem de Deus, o rei te manda descer” (1.9). “Se sou homem de Deus, desça fogo do céu” (1.10). O rei manda o profeta “descer”, o profeta pede para que “desça” fogo do céu (tal como no Monte Carmelo, quando Elias desafiou os profetas de Baal). “E desceu fogo do céu”, diz o texto, e aniquilou os soldados do rei. O rei insiste e manda uma segunda tropa. A fala do capitão revela o autoritarismo e impaciência do rei. “Homem de Deus, assim diz o rei: Desce já daí!” (1.11). Elias repete o que tinha dito antes, e de novo desce fogo de céu e aniquila os soldados. O rei continua insistindo, como fez o faraó do êxodo muito tempo atrás, ao ser confrontado por Moisés. Manda uma terceira tropa. Dessa vez o capitão, referindo-se ao que tinha acontecido às duas primeiras tropas, vem falando manso, e pede por sua vida e a de seus homens. Mais uma vez um anjo fala a Elias e lhe diz para ir com eles, sem medo. Elias vai. E repete ao rei o que havia dito aos primeiros mensageiros. As últimas palavras foram: “vais morrer” (1.16).

O capítulo termina laconicamente: “E ele morreu, conforme a palavra do Senhor que Elias havia dito” (1.17). Não tendo filhos, o governo passou para seu irmão Jorão.

Dia 334 – Ano 1