2 Reis 4.1-17

2 Reis 4.1-17

O texto continua intercalando histórias de reis com histórias de profetas. Os Livros dos Reis não tratam só de reis, mas também daqueles que são chamados para guiá-los e para confrontá-los quando necessário. Na Bíblia judaica, que é dividida em Torá, Profetas e Escritos, a parte do meio é dividida em duas: Profetas Anteriores e Posteriores. Os Livros dos Reis fazem parte, portanto, do cânon profético. De 2 Reis 4 a 8 temos um ciclo de histórias a respeito do profeta Eliseu, que aqui e ali se tocam diretamente com a história política daqueles dias.

Nessas histórias Eliseu parece já ter mais idade e experiência do que nas histórias sobre ele que lemos até aqui. A primeira (2 Reis 4.1-7) nos mostra o profeta lidando com questões do cotidiano de pessoas. Um dos “discípulos dos profetas” havia morrido, e a viúva está às voltas com um credor que não quer saber: ela paga, ou ele leva os filhos dela como amortização da dívida. Ela apela para Eliseu, que exercia uma liderança espiritual nessa comunidade profética. Como ela não tivesse em casa mais que uma única botija de azeite, Eliseu lhe diz para pedir emprestadas na vizinhança quantas botijas vazias ela pudesse juntar. A mulher segue as instruções e, fechada em casa, trabalha com seus filhos. Eles vão alcançando as botijas vazias e ela vai enchendo. O azeite assim multiplicado é vendido e a dívida é paga, e ainda sobra para se sustentar por um bom tempo.

Essa ampla perspectiva dos textos bíblicos ilumina e esclarece os propósitos da Instrução divina. Do grande universo e suas constelações até as pequenas questões do dia a dia das pessoas, passando pela política e pelas relações internacionais, tudo é objeto do cuidado divino.

A próxima história (2 Reis 4.8-37) continua na esfera familiar. Ela nos leva a acompanhar Eliseu em seus caminhos. Passando ele por Suném, uma pequena cidade do reino do norte, um casal o convida para comer com eles. E a partir daí isso vai virando costume. O que indica que a atividade do profeta tinha algo de itinerante. Tanto que o casal decide construir uma pequena peça onde ele possa se hospedar quando passar por ali. Através do seu assistente, Geazi, Eliseu se informa sobre como o casal poderia ser recompensado por sua solicitude. Como eles não tinham filhos, Eliseu promete à mulher que dentro de um ano ela teria uma criança no colo. E dito e feito (4.16-17).

Nessas histórias, a manutenção da vida no dia a dia ganha destaque. O profeta socorre uma pequena família endividada, e recursos aparecem quando o desespero já estava para tomar conta. Um casal sem filhos, numa cultura em que ter filhos era sinal da bênção divina, e não tê-los nem tanto, por ter ajudado um profeta recebe agora a promessa de um filho. Pequenas famílias, “pequenas” bênçãos, “grandes” histórias!

Dia 339 – Ano 1