2 Samuel 24

2 Samuel 24

Os Livros de Samuel terminam de um jeito um tanto enigmático. 2 Samuel 24.1 começa dizendo “E a ira do Senhor voltou a acender-se contra Israel”. Nem é dito qual foi a ira anterior, nem o que causou essa. A “incitação” a Davi provavelmente significa que na cabeça dele foi se formando uma “ideia fixa”. O que poderia levar um rei a ficar obsessionado em saber qual é o tamanho do seu exército?

Também não fica muito claro porque o recenseamento incomodava tanto a Deus. Certo é que temos aqui um censo militar. O v.2 coloca em termos gerais, “faça um levantamento do povo, para que eu saiba quanta gente temos”. Mas o v.9 especifica que o interesse estava mesmo em saber quantos são os “homens de guerra, que puxam espada”.

Se compararmos com os dois recenseamentos do Livro de Números (capítulos 1 e 26), veremos que lá eles foram ordenados pelo próprio Deus e que tinham caráter mais geral. Aqui temos mais uma mostra de que o poder sobe à cabeça. Davi agora faz o papel de Deus, e aparentemente isso incluía dispor dos recenseados do jeito que ele quisesse. Eram prerrogativas normais de reis na época. Mas em Israel era para ser diferente. Em 1 Samuel 8.7, Deus diz a Samuel: “rejeitaram-me, não querem que eu reine sobre eles”. Os israelitas queriam “ser como todas as nações” (1 Samuel 8.20). 

Com fortes expressões, 2 Samuel 24.10 fala do arrependimento de Davi. Deus lhe manda um profeta (v.11), oferecendo-lhe três possibilidades de “pagar pelo seu pecado”. Deus manda uma peste que em três dias causa grande mortandade (v.15). Entre o povo, como o próprio Davi reconhece envergonhado (v.17). Quando o anjo destruidor está sobre o terreno de Araúna, um descendente dos jebuseus, antigos moradores de Jerusalém, Deus o faz parar. Novamente o profeta instrui Davi, que faz o que o profeta determina (v.18-19). Um altar é construído ali, oferendas são apresentadas, e Deus faz cessar a praga, “respondendo favoravelmente à súplica da terra”, como diz o v.25 enigmaticamente. No fim do capítulo e do livro, pode ser sinal de esperança ver que o rei se submete ao profeta que lhe fala em nome de Deus.

Dia 283 – Ano 1