Isaías 11.1-5

Isaías 11.1-5

Em Isaías 6.13, o chamamento do profeta para denunciar o povo de Deus e assim levá-lo a uma decisão, de querer o caminho de Deus ou de seguir por seus próprios caminhos, é contrabalançado por uma promessa que, comparada ao tamanho da destruição anunciada, parece insignificante. Ela logo se encarnará no filho que Isaías leva junto (Isaías 7.3) quando vai se encontrar com o rei Acaz, Shear Iashúv (“Um Resto Voltará”). O Resto, o que sobrar da destruição, é comparado ao toco de uma árvore cortada. Nesse toco está a esperança, sugere a palavra profética. “Porque o seu toco é de semente santa” (6.13).

Em Isaías 11.1, nos encontramos em meio a uma floresta arrasada pelo avanço do exército assírio rumo a Jerusalém (10.33-34). A destruição é completa. Quase. “A terra, arrasada. As cidades, incendiadas” (Isaías 1.7). Devastação como a de Sodoma e Gomorra nos tempos antigos. “Só sobrou a filha de Sião” (1.8). “Se o Senhor não nos tivesse deixado um resto, estaríamos como Sodoma, pareceríamos Gomorra” (1.9). Mas sobrou a filha de Sião, o monte para o qual os assírios levantam o punho desafiadoramente (Isaías 10.32). Sobrou um toco na floresta arrasada.

“Um renovo brota do tronco de Jessé” (Isaías 11.1). Jessé é o pai de Davi. Desse tronco sai um renovo. “Uma criança nos nasceu, um filho nos foi dado” (Isaías 9.6). Nesse toco, nesse renovo, nessa criança, se encarna a esperança que o profeta Isaías tem para anunciar ao povo. Parece pouco, pequeno, insignificante demais. Talvez uma “conversão ao pequeno” faça parte do que Deus espera de Seu povo nesse momento. Pois “o dia do Senhor de todos os seres é de confrontação contra todo soberbo e altivo, contra todo que busca se elevar, para que sejam abatidos” (Isaías 2.12). A semente tem que morrer para poder nascer. O povo de Deus tem que morrer para poder nascer. Morrer para toda pretensão de ser e de poder. Justamente para poder nascer para o ser e o poder que emanam do seu Criador e representam a esperança do mundo. 

Os dois quadros messiânicos que Isaías nos apresenta querem ser lidos juntos, um à luz do outro. O menino no poderoso trono de Davi (Isaías 9.6-7) é o frágil raminho que brota do tronco de Jessé, da semente santa. Ele é chamado de Conselheiro Admirável, Deus Forte, Pai Eterno, Governante Pacífico, porque “sobre ele repousa o Espírito do Senhor” (Isaías 11.2). Porque ele “traz direito e justiça aos pobres, julga com retidão a causa dos humildes da terra” (11.4). Porque justiça e verdade são seu cinto, que o deixa livre para trazer ao mundo os frutos que Deus espera de Sua videira (Isaías 5.4; 5.7).

Dia 29 – Ano 2