Isaías 43.1-4

Isaías 43.1-4

“E agora…” (Isaías 43.1), ”… assim diz o Senhor, que te criou, Jacó, que te formou, Israel”. Os dois verbos usados aqui são os mesmos que são usados em Gênesis (1.27; 2.7) para se referir à criação do ser humano. Quando Deus chama um povo para ser Seu servo, Ele não está separando alguns eleitos e desprezando os demais. Pelo contrário. Deus cria um povo escolhido para levar a todos a Sua bênção. “Vocês serão a minha pérola escolhida dentre todos os povos” (Êxodo 19.5), esse é o lado da bênção voltado ao povo eleito. “E vocês serão um reino de sacerdotes” (Êxodo 19.6), esse é o lado da bênção voltado aos povos. O pequeno povo de Deus está aí para ser luz e bênção ao grande povo de Deus.

“E agora…”, reflitam sobre isso, levem isso ao coração, tirem suas conclusões. Nisso a Bíblia quer nos ajudar. Nela ouvimos sempre de novo a voz que nos diz: este é o caminho (Isaías 30.21). Se estamos ocupados demais para “meditar nela dia e noite” (Salmos 1.2), algum tempinho cada dia já poderia nos ajudar a reencontrar o caminho. O caminho para Deus, o caminho para o nosso próximo, o caminho para nós próprios. “Não tenha medo! Eu te redimi, te chamei pelo teu nome, tu és meu” (Isaías 43.1). Li-atá, diz o texto, literalmente “Tu para mim”. Tu és meu, tu és minha. Tu encontras teu caminho quando te voltas para mim. Tu estás nesse mundo para realizar os meus propósitos, que bem entendidos são também os teus. Para isso somos redimidos e chamados por nome.

As águas da vida não nos afogarão, os fogos da vida não nos queimarão, “porque Eu estarei contigo” (43.2). Essa é uma das grandes lições do Livro de Jó. A única desgraça verdadeira, nos textos bíblicos, é ser separado da presença de Deus. Perdendo-nos de Deus, nos perderíamos de nós mesmos. Para chegarmos a Ele, talvez tenhamos que atravessar rios caudalosos e desertos abrasadores, como os israelitas que retornavam da Babilônia. “Não tenha medo”, “Eu estarei contigo”. 

“Porque és precioso, preciosa aos meus olhos, com imensa dignidade” (43.4). Se nos olhássemos mais nesse espelho, em vez de nos nossos espelhos narcisistas ou auto-depreciativos! Aprender com a Palavra de Deus a nos olharmos do jeito com que Ele nos olha, a olharmos os outros do jeito com que Ele os olha. Os verbos usados em todo esse trecho estão no perfeito, o modo na língua hebraica que indica ação contínua e duradoura, sempre presente. “Tu para mim” expressa uma realidade contínua. Como também é realidade contínua o seu correspondente: “E eu te amo” (43.4).

Dia 90 – Ano 2