Isaías 49.14-16

Isaías 49.14-16

Como antes teve uma conversa com a Filha de Babel (Is 47), agora Deus tem uma conversa com a Filha de Sião, motivada por uma queixa que ela anda tendo. O Senhor me abandonou! O Senhor se esqueceu de mim! (49.14). Aqui podemos ver que o texto vai e volta, entre visões de esperança e descrições da realidade. O presente do povo, ao longo destes capítulos, é o cativeiro babilônico. Ali o Senhor o visita e conversa com ele.

Nessa situação, o povo expressa seu sentimento de ter sido abandonado por Deus. E Deus lhe mostra que isso seria impossível. Poderia uma mãe esquecer o bebê que mama no seu peito? Isso parece inconcebível. Mas, mesmo que admitíssemos essa possibilidade, Eu jamais te esquecerei (49.15). Três vezes, nessa fala, se repete a palavra esquecer. Ela tem um grande significado nos textos bíblicos.

Israel esqueceu o seu Deus (Is 17.10: “esqueceste o Deus da tua salvação”), isso sim. E ao fazê-lo se voltou para deuses alternativos, os quais aparentemente conseguem manobrar melhor. Quando Lhe fazem orações com mãos sujas de sangue, o Senhor esconde o Seu rosto deles (1.15; 8.17). Eles, em vez de dar atenção à palavra profética e rever seus caminhos, preferem concluir que Deus se esqueceu deles. Nos caminhos a que são levados pelos seus pecados, preferem se ver como vítimas.

Nessa situação, o Senhor se dirige carinhosamente ao Seu povo. Se uma mãe pudesse abandonar seu filho, Ele como Pai-Mãe de Israel nunca o faria. Como um apaixonado, nas palmas das minhas mãos Eu te gravei. Quem poderia apagar isso? As tuas muralhas estão diante de mim sempre. Sião, com suas muralhas, pode ter sido destruída por causa dos pecados dos seus habitantes. Mas Sião não pode ser apagada do coração de Deus.

Sempre de novo a Palavra nos coloca diante dessa dupla perspectiva. Ver que nossas muralhas estão destruídas. E saber que as nossas muralhas se encontram constantemente na presença de Deus. Dar crédito a essa Palavra, crer e confiar que o Deus que diz faz, é o que todos estamos aqui para aprender. E ver que, nesse processo, nossas muralhas começam a ser reconstruídas.

Dia 110 – Ano 2