Josué 9

Josué 9

No trecho de ontem, vimos como os israelitas refizeram o que tinha dado errado, e que com isso as coisas voltaram ao seu rumo. Isso significa, naquele momento, que a conquista da terra podia prosseguir. O povo havia renovado o compromisso com Deus, e Josué havia lido ao povo o livro da Instrução.

O trecho de hoje mostra como, de fato, tudo voltou ao normal. E normal, nesse contexto, significa o que a prostituta Raabe havia expresso tão bem em suas palavras: sobre os habitantes da região havia caído um grande pavor em relação ao avanço israelita (Josué 2.9-11).

Para não serem dizimados, os moradores da cidade de Gibeom montaram um esquema. Um grupo deles se preparou para parecer que já estivessem há longo tempo a caminho, vindos de uma terra distante, solicitando dos israelitas um pacto de não-agressão (Josué 9.3-6). A execução do plano foi perfeita (9.9-13), as suspeitas (v.7) foram dissipadas. Os israelitas, tão certos estavam de que tudo era como eles diziam, “não perguntaram pelo que viria da boca do Senhor” (v.14). O pacto foi feito (v.15), e depois de três dias a verdade apareceu (v.16). Josué amaldiçoa os gibeonitas (v.23), mas eles estão contentes porque suas vidas foram salvas.

Essa história ilustra bem alguns dos grandes dilemas humanos e existenciais envolvidos na conquista da terra pelos israelitas. De um lado, havia a ordem divina, várias vezes lembrada na narrativa, de não permitir que ficasse nenhum dos povos que naquela ocasião habitavam a terra de Canaã. Por outro lado, os mesmos textos bíblicos que carregam essa narrativa deixam claro, sempre de novo, o amor e a bondade do Deus dos israelitas. Que é mais que isso, é o Deus de toda a terra, de toda a humanidade. E que sua caminhada com os israelitas tem, justamente, o objetivo último de trazer reconciliação a toda a humanidade, a toda a criação.

Esse dilema traz certa tensão à narrativa, mas não é resolvido de forma precipitada ou arbitrária. E convém que também nós não o façamos. O tempo dirá. O tempo mostrará. Assim também é com a nossa vida, hoje.

Dia 193 – Ano 1