Juízes 15

Juízes 15

Estamos acompanhando as peripécias de Sansão, um enigmático herói do antigo Israel. Às vezes temos que parar e nos dar conta de que, na narrativa bíblica, essa é uma história sobre um dos juízes de Israel. Pequenos elementos do cotidiano se misturam de tal forma com as grandes constelações da política, que a gente fica até um pouco confuso. Para a narrativa está claro que Sansão foi libertador e juiz de Israel. Como?

No capítulo anterior lemos sobre o casamento de Sansão e sobre o enigma que ele tinha proposto aos companheiros. Através da mulher, que se aproveitou de Sansão, eles conseguiram decifrar o enigma. Vai se expondo, assim, um ponto vulnerável nesse “super-homem”. Em Juízes 15 temos a continuação dessa história.

Furioso com os companheiros e com a mulher, Sansão tinha ido embora, logo depois do casamento. O pai da noiva, então, a deu a outro homem. Quando Sansão reapareceu depois de um tempo e procurou sua mulher, a coisa explodiu. Furioso, Sansão provoca uma “grande carnificina” (15.8) entre os filisteus. Os filisteus, então, se vingaram e atacaram a região de Judá. Ao descobrirem o motivo do ataque, os judaítas se indignaram com Sansão e foram prendê-lo. Ele se deixou prender, mas o espetáculo dos filisteus em festa o deixou tão fora de si (o narrador diz que o Espírito divino “se apoderou dele”, v.14) que ele, num só dia, matou mil filisteus (v.15). 

Esse acontecimento foi interpretado por Sansão como “grande salvação” que Deus tinha operado (v.18). O narrador concorda, pois logo observa que Sansão “foi juiz em Israel por vinte anos” (v.20).

O cuidado divino para com Sansão é ressaltado na pequena história dos v.18-19. Sansão quase morre de sede, clama a Deus e Ele lhe tira água da rocha, tal como havia feito aos israelitas no deserto (Números 20.11). Esse cuidado de Deus atravessa toda a história de Sansão, e nunca é abalado ou colocado em questão, mesmo no episódio que leremos no próximo capítulo, e que termina com a sua morte. Para nós fica a pergunta: o que aprendemos, aqui, sobre Deus e sobre nós próprios?

Dia 220 – Ano 1