Números 15

Números 15

Nos últimos capítulos temos observado um certo descompasso entre a imagem de um povo de Deus bem organizado, cheia de simetria e harmonia, e as histórias de constantes murmurações, rebeliões, desobediência. Vimos que o próprio Deus quase não aguenta mais esse povo, às vezes. As consequências acabaram sendo drásticas: toda aquela geração morreria sem chegar à Terra Prometida.

Sobre esse pano de fundo, o começo de Números 15 chama a atenção: “Fala aos filhos de Israel: Quando vocês entrarem na terra onde irão habitar…” (Números 15.2). E aí vem instruções sobre oferendas (15:3-21) e sobre sacrifícios pelos pecados (15:22-31). Estes se referem aos pecados cometidos em ignorância. Pecados cometidos “com a mão erguida” (v.30), em atitude de desafio a Deus e aos outros, teriam que ser punidos com a morte. Permitir algo assim, seria arriscar que o caos tome conta e a boa criação divina seja ameaçada. E isso sempre era uma possibilidade, como já pudemos ver em vários momentos. E é um caso desses que é relatado logo a seguir (v.32-36). No shabat, um homem desafia tudo e todos e sai a catar lenha, como se não existissem normas no acampamento e um Deus que já andava bastante inquieto com as constantes transgressões delas.

Duas coisas chamam a atenção neste capítulo. No momento em que as relações com os “estrangeiros” estavam tensas, por causa do relato dos espiões que os pintaram como gigantes prontos para devorar quem se aproximasse (Números 13.32-33), o texto, serenamente, pede trato igual a israelitas e a estrangeiros (Números 15.14-16,26,30).

A segunda é um conselho que vem no fim do capítulo (v.37-41). Os israelitas deviam prender bainhas nas extremidades das vestes, como auxílio visual para “lembrarem” dos mandamentos, e não irem atrás do que é sugerido pelos olhos e pelo coração. Mais tarde, para muitos isso se tornou mero costume, superstição ou até um jeito de aparecer (cf. Mateus 23.5). Mas isso não deveria nos impedir de vê-lo com o olhar da fé e da esperança. Nesse sentido, a criação inteira quer sempre nos lembrar da presença de Deus que amorosamente está ao nosso lado.

Dia 130 – Ano 1