Números 27

Números 27

O capítulo anterior tinha como tema o recenseamento dos israelitas na planície de Moabe, ao final da marcha pelo deserto. Dando início aos preparativos para a tomada da terra que ficava do outro lado do rio Jordão. Um dos motivos do recenseamento foi justamente a divisão da terra entre as doze tribos. Segundo o princípio resumido em Números 26.54, cada tribo receberia uma parte proporcional ao número de famílias e pessoas.

Números 27 começa contando de um problema que deve ter sido relativamente frequente na história dos israelitas. Um homem da tribo de Manassés, Zelofeade, tinha tido cinco filhas e nenhum filho homem (27.1). Elas se apresentam diante de Moisés, do sacerdote Eleazar, dos chefes das tribos e de todo o povo (v.2; essa apresentação elaborada mostra quão importante era esse assunto). O pai, segundo elas, fora uma pessoa que “tinha morrido no seu próprio pecado”, quer dizer, uma pessoa normal como todas, não um pecador ostensivo. Mesmo assim, não tinho tido filhos homens (v.3). Ou seja, temos aí um problema teológico. O homem pode ter sido “um justo”, e mesmo assim não ter tido filhos (homens).

No antigo Israel com seu sistema patriarcal, isso era um sério problema. Como as mulheres não contavam em assuntos oficiais, a linhagem de Zelofeade terminaria ali (v.4). Não havia precedente jurídico, e assim Moisés “levou o assunto ao Senhor” (v.5). A instrução divina pode parecer quase evidente para nós hoje, mas era de grande sensibilidade na época. Neste caso, as filhas ficam com a herança, e providências são tomadas para que o nome da família de Zelofeade continue por mais gerações. Mais adiante, em Josué 17.3-6, esta prescrição é observada.

A segunda parte do capítulo 27 volta ao tema da morte de Moisés. Parece uma questão tão delicada, que vai sendo tratada aos poucos. Moisés pede a Deus que coloque alguém em seu lugar. Josué, “homem em quem há o Espírito” (v.18), e que já vinha sendo anunciado como o sucessor de Moisés, é então oficializado na função.

Dia 142 – Ano 1