Números 8 é uma espécie de continuação do que lemos em Levítico 8. Lá o tema foi a consagração dos sacerdotes (Arão e seus filhos). Aqui, o tema é a consagração dos levitas. Os sacerdotes também são levitas, mas representam um grupo à parte. Os levitas seriam um grupo à parte entre os israelitas (v.14). Por terem sido poupados quando Deus castigou os primogênitos do Egito, os primogênitos dos israelitas pertenciam a Deus (v.17). Os levitas os substituem (v.18): eles são consagrados a Deus, permitindo aos primogênitos israelitas seguirem sua vida normal.
Os levitas são “dados a Arão e a seus filhos” (os sacerdotes), para servirem em lugar dos israelitas “no serviço da Tenda do Encontro”, para que não caiam pragas sobre os israelitas, como caíram sobre os egípcios (v.19). Todos os homens, dos 25 aos 50, eram requisitados (v.24-25).
Para compreender as razões de tudo isso, é importante lembrar, como sempre, de uma regra fundamental da interpretação da Bíblia, e que foi explicitada por Jesus: ter em mente como as coisas são no começo (Marcos 10.6). No começo, Deus mora com as pessoas e fala com elas face a face (Gênesis 3.8-9). Mas o pecado abriu um fosso entre as pessoas e Deus e, com isso, tornou as pessoas destituídas da “glória da Presença” (como Paulo atesta em Romanos 3.23). Nessa condição, a Presença divina lhes traz medo (Gênesis 3.10), pois ela destruiria o pecado nelas, e com isso elas próprias.
Por isso, hoje, esta Presença tem que ser mediada por agentes “descontaminados”, devidamente consagrados. Deus quer estar presente e tem tomado a iniciativa. Este é o tema maior da narrativa bíblica. Deus quer viver conosco naquele face a face do começo. Mas, para que isso aconteça, cuidados devem ser tomados, que preservem tanto a Sua glória como a nossa existência. Todas essas medidas, portanto, são justamente para que um dia elas não venham mais a ser necessárias.
Dia 123 – Ano 1