Rute 4

Rute 4

No mesmo dia, como Naomi havia previsto (3.18), Boaz faz os devidos encaminhamentos. O trecho de 4.1-12 contém um vívido relato de como acontecia uma transação oficial naquele tempo. O primeiro na linha dos resgatadores é intimado a cumprir com sua responsabilidade, diante de testemunhas, no portão da cidade, que era o lugar onde essas coisas aconteciam. Em jogo, primeiramente, está a propriedade de Elimeleque, o falecido marido de Naomi (v.3). Mas quem ficasse com ela teria também que sustentar a viúva do filho de Elimeleque, e dar-lhe um filho que, no caso, seria de Naomi. E uma família em Israel teria sido salva.

O primeiro na linha do resgate se declarou impossibilitado (v.6). Com isso a obrigação passou para Boaz, que prontamente a assumiu (v.9-10). A bênção dos v.11-12 é um precioso testemunho de que as identidades pessoais se reforçam na rememoração da identidade de um povo. Deseja-se a Rute a bênção que Deus havia dado às mães de Israel (Raquel e Lia), e a Boaz a prosperidade e fecundidade dos seus antepassados.

Esse é um dos grandes segredos de se “viver dentro” da narrativa bíblica. Nossa história de vida, a história pessoal de cada um e cada uma de nós, vai sendo lapidada, moldada na rememoração e no diálogo com as histórias de vida das gerações passadas. É como diz nos Provérbios (27.17): “Ferro com ferro se afia; e assim com as pessoas, uma se afia no rosto da outra”. E “todos nós, com o rosto descoberto, vamos vendo a glória do Senhor na Sua imagem, e vamos sendo transformados pela glória para a glória. Assim procede o Espírito do Senhor”  (2 Coríntios 3.17).

A bênção do povo se concretizou. Boaz e Rute tiveram um filho, Obede (“Servo”). Obede, depois disso, também teve filhos, que tiveram filhos… (4.18-22). Um deles, Davi (v.22), veio a se tornar o maior rei de Israel. E muito tempo depois, diz-se que de Rute e Boaz procede o Messias (Mateus 1.5).

Dia 230 – Ano 1