Gênesis 8

Gênesis 8

O texto anterior terminou numa situação de completa desolação. O mundo tinha voltado à sua condição de antes da criação. O capítulo 8 começa com uma daquelas pequenas grandes frases da Bíblia: “E Deus se lembrou de …”. É só por isso que o mundo ainda existe. Tudo se encontra no coração de Deus do jeito que Ele vê aquilo que criou. E isso significa: do melhor jeito! Quando a humanidade e a criação esquecem, e já não lembram de como tudo é no coração de Deus, Ele não esquece. E quando Ele lembra, é com amor, e este amor vai logo ajudando. “Deus fez soprar um vento sobre a terra, e as águas começaram a baixar” (8.1). Como em Gênesis 1.2, o vento/espírito de Deus começa a soprar e das águas começa a surgir um belo mundo.

O capítulo 8 é como uma imagem invertida do capítulo 7. Lá vimos os preparativos cuidadosos para a entrada na arca, antes do dilúvio. Aqui, os preparativos cuidadosos para a saída dela, depois do dilúvio. Depois de saírem todos, Noé fez um altar e fez um sacrifício a Deus. Em 8.21-22, Deus delibera e decide que, mesmo que a maldade humana não seja eliminada (nem com sacrifícios!), a terra deve ser protegida dela.

Daqui por diante a narrativa bíblica vai, aos poucos, mostrando como Deus vai fazer para eliminar pela raiz a maldade humana, que sempre de novo ameaça a vida no planeta. Mas esta será uma longa história. Deus quer sempre contar com a participação livre do ser humano, respeitando a sua dignidade e querendo que ele cresça no processo (é como os pais com seus filhos). É esta história que queremos seguir acompanhando, enquanto continuamos com nossa leitura da Bíblia.

Dia 17 – Ano 1

Gênesis 7

Gênesis 7

A aposta de Deus em Sua criação passa por um processo de regeneração. Isso é descrito como uma volta à condição originária. Os seres vivos morrerão. E Deus fará um pacto com Noé, que será protegido da catástrofe (Gênesis 6.17-18). Além de Noé e sua família, foram preservados também um casal de cada espécie (mais que um até, no caso de animais que a lei judaica considerava limpos). 

A narrativa parece ir devagar quando conta os preparativos (7.1-16). Deus e Noé vão trabalhando juntos, com cuidado, para que tudo funcione e que criaturas possam ser salvas em meio à destruição. O relato do dilúvio (7.17-24) também vai avançando devagar. Dá quase para ver como as águas vão subindo, pouco a pouco. A agonia chega ao auge no v.23, onde é atestado que tudo que vivia na terra morreu, menos os que estavam dentro da arca.

O capítulo 7 de Gênesis parece uma imagem invertida do capítulo 1. O capítulo 1 começa com as águas que cobriam toda a terra, e vai descrevendo como Deus cria a vida e como tudo vai aparecendo. O capítulo 7 começa com a terra como ela se encontrava no fim do relato da criação, e vai descrevendo como a ação das águas vai eliminando a vida, até que no fim (7.24) tudo está como estava em 1.2 (águas cobrindo tudo). A constante repetição das espécies vivas (7.14,21,23) lembra o relato de como elas foram criadas no capítulo 1.

A sensação final é de desolação. A boa criação divina foi corrompida até o ponto da destruição. E agora? Aqueles 150 dias de que fala 7.24 estão entre os mais tristes da história do mundo. E agora?

Dia 16 – Ano 1