Gênesis 50

Gênesis 50

O trecho anterior terminou com a notícia da morte de Jacó, rodeado por seus filhos (Gênesis 49.33). O trecho de hoje relata do período do luto e do cumprimento da promessa feita a Jacó, de enterrá-lo na terra que Deus tinha prometido a ele e a seus antepassados (49.29-32). Como é resumido em Gênesis 50.12-13, seus filhos cumpriram o prometido e depois voltaram ao Egito (50.14).

Até esse momento, os irmãos ainda não tinham reconhecido aberta e claramente o seu pecado diante de José. Parece que estes anos todos isso lhes martelava a consciência, como mostra sua atitude depois da morte de Jacó (pensavam que agora que o pai não mais está, José iria finalmente se vingar). Mesmo assim, eles ainda acabam confessando só indiretamente, refugiando-se atrás da figura do pai (50.16-17). A reação de José foi magnânime. Sem deixar de se referir ao pecado dos irmãos (50.20: “vocês intentaram o mal contra mim”), coloca tudo numa perspectiva mais ampla (“Deus o tornou em bem”).

O capítulo termina com a notícia da morte de José, muito tempo depois, e de como também ele pediu que, quando os futuros israelitas voltassem para a terra de seus antepassados, o levassem para ser enterrado lá (50.22-26). E assim termina o Livro de Gênesis, rememorando o passado (“a terra que jurou dar a Abraão, Isaque e Jacó”, 50.24), descortinando o futuro (“Deus visitará vocês e os fará subir desta terra…”), e aceitando temporariamente a condição do presente (as últimas palavras do livro são “no Egito”).

Dia 55 – Ano 1

Gênesis 48 — 49

Gênesis 48 — 49

Gênesis 48 e 49 nos colocam ao lado do leito de morte de Jacó, que determina que os filhos o enterrem no terreno da família em Canaã, junto aos seus antepassados (49.29-32). O tema que perpassa estes dois capítulos é a bênção. Bênção entre pessoas, mediação da bênção divina às pessoas.

A bênção de Jacó é solene, com aquela mística que dá a impressão de que ele já está numa franja entre o aqui e o além. Assim era visto antigamente o ancião que Deus tinha abençoado, em seu leito de morte. Sua bênção carrega tanto a visão como a energia do mundo vindouro, por isso lhe davam tanta importância (como no exemplo da disputada bênção de Isaque, Gênesis 27).

Jacó adota como seus os dois filhos de José (48.5-22). Isso significa que José é privilegiado com uma dupla herança. Ao abençoá-los, Jacó inverte a ordem normal. E assim de novo o filho mais novo vem antes do mais velho, como tinha sido com o próprio Jacó e também com Isaque.

O capítulo 49 traz a bênção de Jacó a todos os seus 12 filhos (diferente de Isaque, que abençoaria só a um). Presente, passado e futuro se misturam numa bênção que é, ao mesmo tempo, profecia. Dois dos filhos são distinguidos: José (49.22-26; “o que foi distinguido entre os irmãos”) e Judá. Rúben, o primogênito, vem primeiro na lista (49.3-4), mas tem contra ele um feito lamentável, que tinha sido relatado brevemente em 35.22. O mesmo ocorre com Simeão e Levi, mencionados juntos (49.5-7) porque juntos haviam perpetrado o genocídio em Siquém, de que fala Gênesis 34.25-31. A bênção do primogênito é reservada a Judá (49.8-12). Lida à luz da sequência da narrativa bíblica, ela parece conter referências tanto ao futuro reino de Judá como a uma promessa messiânica.

Dia 54 – Ano 1

Gênesis 43

Gênesis 43

Como José havia previsto (Gênesis 41.29-31), a carestia não seria coisa de um ano só. Gênesis 43 começa com a família de Jacó constatando isso. A solução era ir comprar comida no Egito, de novo. Mas agora há um problema a mais. José havia deixado claro aos irmãos que não voltassem sem Benjamim, seu irmão caçula. O que seu pai queria evitar a todo custo. Enfim, Jacó se convence de que não há outro jeito e deixa o rapaz ir com os irmãos (43.11-14).

A partir deste capítulo, a liderança entre os filhos de Jacó passa de Rúben (o mais velho) para Judá (43.3,8). O texto não dá nenhuma explicação para isso, mas já o havia antecipado no capítulo 38, ao falar da descendência de Judá. Este fato terá um importante significado na história futura do povo de Israel.

A narrativa não se demora nas idas e vindas. Quer logo colocar os irmãos cara a cara, é ali que tudo vai se decidir. 43.15 resume a viagem e coloca os irmãos diante de José. Ao serem convidados à casa do governador do Egito, os irmãos ficam apreensivos (43.18). Nem bem chegaram e vão logo se justificando diante do mordomo (v.19-22).  As explicações não aludem a que Deus tivesse um papel nisso. Inesperadamente, é o mordomo do governador do Egito que puxa o assunto e lembra a eles que “o vosso Deus, o Deus de vosso pai” tem dirigido os acontecimentos (v.23).

A refeição conjunta do fim do capítulo traz bons presságios. “E eles beberam e se regalaram com ele” (v.34). Na Bíblia este é um dos mais expressivos símbolos da reconciliação que é o propósito maior de Deus.

Dia 49 – Ano 1

Gênesis 42

Gênesis 42

“Para manter viva muita gente”, assim José explica os estranhos caminhos em que Deus o havia colocado (Gênesis 50.20). Gênesis 41 termina com uma mirada ampla (41.57: fome em todo o mundo, “todas as terras vinham ao Egito” para comprar comida). Gênesis 42 foca numa destas terras. Mais especificamente, numa das famílias de uma destas terras. Na terra de Canaã, estavam passando fome. Jacó manda seus filhos ao Egito para comprar comida.

E lá se vão os filhos de Jacó, menos o desaparecido (José) e o caçula, Benjamim, seu irmão e único filho vivo da amada Raquel, por quem Jacó havia trabalhado 14 anos. Gênesis 42.6 é um ponto alto da “história da descendência de Jacó”, iniciada em 37.2. Tal como José tinha visto em sonho, tempos atrás, seus irmãos se prostram perante ele (cf. Gênesis 37.6-8). José os reconhece, os irmãos não o reconhecem (42.8). A lembrança da maldade dos irmãos, e o desejo de rever seu irmão caçula, levam José a adotar uma estratégia de endurecimento. 

Gênesis 42.21-22 mostra que a estratégia começa a dar certo: os irmãos começam a relacionar sua crise presente com suas atitudes no passado. O v.28 mostra que eles começam a relacionar a crise com a ação de Deus. Poderíamos dizer que os irmãos de José estão tendo uma nova chance. Na linguagem da narrativa, eles estão sendo “provados” (v.15). Afinal, tinham dito enfaticamente que eram confiáveis (“honestos”, v.11,31). José quer testar isso (v.19,33). Não o tinham sido até aqui, mas talvez a pedagogia divina comece a dar resultados na vida deles a partir desta crise. E assim se foram eles de volta a Canaã. Sem Simeão, que havia ficado preso no Egito como garantia de que os irmãos voltariam, trazendo com eles Benjamim.

Dia 48 – Ano 1