Gênesis 9

Gênesis 9

Depois de decidir cuidar da criação mesmo que o ser humano não ajude, Deus abençoa a família humana (9.1-4). Este trecho lembra Gênesis 1.28-30. A bênção é prática e concreta. Lá no capítulo 1, o ser humano comeria plantas e frutas. Aqui ele é autorizado a comer também  carne. O sangue é sagrado na Bíblia: nele está a alma, a vida (9.4). O sangue humano é sagrado porque o ser humano é imagem de Deus (9.5-6).

O restante do capítulo 9 trata de um tema central na Bíblia: aliança, pacto. São iniciativas de Deus em favor de Sua criação. Neste pacto com Noé, Deus se compromete unilateralmente a cuidar da vida no planeta, para que a maldade humana não a destrua. A primeira aliança de Deus, sua primeira e maior preocupação, é com a humanidade toda e com a criação inteira. É importante lembrar isso. O sinal externo desta primeira aliança é o arco-íris que, depois de chuva forte, aparece quando o sol sai de novo, como aconteceu no dilúvio. Ao ver o arco-íris, Deus lembra a Si próprio do pacto que fez com a Sua criação. E nós, o que vemos quando vemos um arco-íris?

A pequena história de 9.18-29 termina a “história da descendência de Noé”, começada em 6.9. E ao mesmo tempo liga esta história com o que vem a partir do capítulo 10, onde vai se começar a falar dos povos da terra. Os filhos de Noé estão na origem dos diferentes povos, diz o texto. Esta pequena história ilustra o que o texto bíblico constata sempre de novo: as pulsões do coração humano são más, desde a infância. Nesta história, um dos jovens envolvidos não resiste a elas, e fere a dignidade do pai (9.22). Os outros dois resistem e preservam/devolvem a dignidade ao pai (9.23).

Dia 18 – Ano 1

Gênesis 8

Gênesis 8

O texto anterior terminou numa situação de completa desolação. O mundo tinha voltado à sua condição de antes da criação. O capítulo 8 começa com uma daquelas pequenas grandes frases da Bíblia: “E Deus se lembrou de …”. É só por isso que o mundo ainda existe. Tudo se encontra no coração de Deus do jeito que Ele vê aquilo que criou. E isso significa: do melhor jeito! Quando a humanidade e a criação esquecem, e já não lembram de como tudo é no coração de Deus, Ele não esquece. E quando Ele lembra, é com amor, e este amor vai logo ajudando. “Deus fez soprar um vento sobre a terra, e as águas começaram a baixar” (8.1). Como em Gênesis 1.2, o vento/espírito de Deus começa a soprar e das águas começa a surgir um belo mundo.

O capítulo 8 é como uma imagem invertida do capítulo 7. Lá vimos os preparativos cuidadosos para a entrada na arca, antes do dilúvio. Aqui, os preparativos cuidadosos para a saída dela, depois do dilúvio. Depois de saírem todos, Noé fez um altar e fez um sacrifício a Deus. Em 8.21-22, Deus delibera e decide que, mesmo que a maldade humana não seja eliminada (nem com sacrifícios!), a terra deve ser protegida dela.

Daqui por diante a narrativa bíblica vai, aos poucos, mostrando como Deus vai fazer para eliminar pela raiz a maldade humana, que sempre de novo ameaça a vida no planeta. Mas esta será uma longa história. Deus quer sempre contar com a participação livre do ser humano, respeitando a sua dignidade e querendo que ele cresça no processo (é como os pais com seus filhos). É esta história que queremos seguir acompanhando, enquanto continuamos com nossa leitura da Bíblia.

Dia 17 – Ano 1

Gênesis 6

Gênesis 6

A “história da descendência” de Adam, o Humano, continua. Na verdade, sua continuação se estenderá até o fim da Bíblia. Incluindo a nossa geração e os que virão depois de nós. Gênesis 6 começa contando uma história que até hoje permanece envolta em mistério (6.1-4). Os “filhos de Deus” (ou: “dos deuses”, como eram chamados os seres celestiais) se juntaram com as “filhas do Humano”. Isso representou uma nova transgressão de limites, que para a humanidade trouxe efeitos devastadores. A longevidade, que na lista do capítulo 5 passava de 800 anos, é reduzida agora para 120 anos.

A soma dos acontecimentos relacionados a isso leva o Criador a uma dolorosa percepção, da maldade que grassa entre os humanos. Deus  constata que “todas as pulsões que geram os pensamentos do coração” do ser humano (6.5) são “só mal, todo o dia”. Tanto que, com o “coração pesado”, se arrepende de tê-los criado (6.6). E como tudo está vinculado entre si, isso atinge tudo (6.7). O fosso que se abriu em Gênesis 3 e só foi aumentando, se torna agora um abismo que traga tudo (6.11-12).

Gênesis 6.7-8  mostra dois lados do mesmo Deus: ira e graça. Deus decide destruir tudo. Bem, não tudo. E aí começa a narrativa de Sua graça em meio ao juízo. A história da descendência do Humano terminaria tragicamente, não fosse pela pequena frase do v.8: “Mas Noé foi agraciado pelo Senhor”. O restante do capítulo é uma mostra do cuidado de Deus em meio à tristeza pela corrupção que espalhamos, arrastando junto toda a criação. Noé, “homem justo e íntegro, que andava com Deus” (6.9), “faz tudo que Deus determina” (6.22). Não transgride os limites da determinação divina, como o casal humano do paraíso. E Deus decide continuar apostando na Sua criação.

Dia 15 – Ano 1