Êxodo 3

Êxodo 3

O final de Êxodo 2 nos deixa o recado de que Deus, mesmo que pareça distante, está atento a tudo que acontece. Ficamos, então, na expectativa de Sua visitação. Ela começa em Êxodo 3. A princípio num lugar remoto no deserto, mas aos poucos Ele começa a se impor frente ao grande império, o Egito. É o que veremos nos próximos capítulos de Êxodo.

Moisés já estava há anos no exílio em Midiã, e a vida transcorria normalmente. Ele pastoreava o rebanho de seu sogro, e às vezes a busca por pastagem o levava um pouco mais longe. Hoje o encontramos no Monte Horebe, e ali acontece algo inusitado: um arbusto pegando fogo, mas o fogo não o queimava. Moisés se aproxima para ver, e de dentro da moita lhe aparece o Anjo do Senhor (Êxodo 3.2; logo a seguir é dito que é o próprio Deus, 3.4ss.). O recado de Deus para Moisés, em 3.7, repete os verbos de 2.24-25, agora na primeira pessoa: “vi” (a aflição do meu povo), “ouvi” (o seu clamor), “tomei conhecimento” (do seu sofrimento). E os versículos seguintes mostram que Deus entrou em ação para libertar o Seu povo (“desci para libertá-lo”, 3.8).

De agora em diante, na narrativa bíblica, vemos um padrão que será constante: Deus age na história através do ser humano. A criação toda dá testemunho de Sua presença. Mas os humanos carregam a Sua imagem, e é por meio deles que Ele quer atuar e se fazer conhecido. Moisés encabeça a lista dos mediadores (Êxodo 3.10: “vem, eu te enviarei”), e a tradição futura o honrará por isso. A Moisés Deus revela o Seu nome. Mas o Nome revela tanto quanto esconde: “Eu sou/serei o que sou/serei” (3.14). O  Nome esconde porque Deus quer ser o Livre, livre até dos nomes que possamos dar a Ele. O que o Nome revela é: Ele está sempre pronto para agir em favor da Sua criação.

Dia 58 – Ano 1

Êxodo 2

Êxodo 2

A situação dos israelitas era difícil. Uma notícia que, em outro contexto, seria auspiciosa, aqui levanta um suspense temeroso: dois jovens israelitas se casam e têm um filho homem (Êxodo 2.1-2). A mãe consegue escondê-lo por um tempo, e quando não dá mais, arrisca: coloca-o num cesto boiando no rio. Por acaso (!) a filha do faraó tinha descido ao rio para se banhar. Vendo o menino em prantos, teve compaixão dele, mesmo sabendo que era um hebreu (2.6). Decidida, ela faz os arranjos necessários para que o menino fosse criado, e mais tarde adotado por ela; e lhe dá o nome de Moisés (2.10).

A narrativa vai passar rápido pelo tempo, como que querendo chegar logo à extraordinária história que tem para contar. No v.9, Moisés é um nenê. No v.10, um menino “já grande”. No v.11, homem feito. Moisés não havia esquecido as suas origens. Se envolve numa briga para ajudar um israelita, e acaba matando um egípcio. O caso vem a público, e o faraó o sentencia. Moisés foge e se vai para a terra de Midiã (v.15). Ali ele constitui família e a vida volta à normalidade. Quer dizer, mais ou menos. O nome do filho de Moisés revela que ele se sentia no exílio, um “peregrino em terra estranha” (v.22).

No final do capítulo, a notícia da morte do faraó (v.23) acende expectativas. Ela é acompanhada por uma breve descrição da situação dos israelitas no Egito. A escravidão os fazia gemer e clamar. O texto não diz que eles clamaram a Deus.  Deus é que se comove com a dor e o gemido de Suas criaturas, que se indigna com a corrupção e a injustica no mundo (cf. Gênesis 18.20-21). Quatro verbos descrevem o que se passa no coração de Deus (Êxodo 2.24-25): ouviu (o clamor), lembrou-se (do pacto), olhou (para os israelitas), tomou conhecimento (da situação, para agir em relação a ela).

Dia 57 – Ano 1