Êxodo 17

Êxodo 17

O trecho anterior terminou com um resumo: por quarenta anos o povo comeu do maná no deserto (Êxodo 16.25). O trecho de hoje começa com uma panorâmica de uma etapa da caminhada pelo deserto. Êxodo 17.1 nos traz “de volta à realidade”: não havia água para beber. Será que o povo aprendeu alguma coisa com as experiências anteriores?

Não parece. “E o povo brigou com Moisés” (v.2; “murmurou”, v.3). A acusação é absurda: acusam Moisés de querer matá-los (v.3). “Só falta me apedrejarem”, queixa-se Moisés (v.4). Ele leva a questão a Deus (v.4), e Deus lhe dá um bom encaminhamento (v.5-6). Comentando o que aconteceu, o v.7 faz uma acusação grave. O povo “tentou” a Deus. Mais tarde, Deuteronômio 6.16 vai dizer: “Não tentarás o Senhor, teu Deus, como o tentaste em Massá”. E Jesus, muito mais adiante, repreenderá o Tentador citando estas palavras (Mateus 4.7). O povo de Deus estava sendo um obstáculo para Deus. O povo de Deus estava sendo o Tentador, o inimigo! Que isso é possível, veremos inclusive no Novo Testamento, quando o próprio líder dos discípulos faz o jogo do Adversário (Marcos 8.33).

A dúvida assim semeada tinha graves implicações: está Deus realmente conosco? (Êxodo 17.7). A história que segue (17.8-16) mostra que sim, mas mostra também que Deus quer estar conosco de um jeito que não nos isente de assumir a nossa parte. Que Ele quer agir através de nós, e que no Seu entendimento é assim que tem que ser. Numa batalha contra os amalequitas (v.8), a intercessão de Moisés foi o elemento mais decisivo (v.11). Os companheiros se juntaram a ele, em sua fragilidade (v.12), e assim a batalha foi ganha (v.13).

Dia 70 – Ano 1

Gênesis 3.1-6

Gênesis 3.1-6

A nudez, a total transparência em que vive o casal humano, é agora colocada à prova. Um sutil jogo de palavras aqui aponta para uma tensão no ambiente. Dos dois humanos é dito que estavam “nus” (arumim), transparentes em todos os sentidos, e que nada lhes trazia vergonha. De outra criatura do Jardim, a serpente, se diz que era arum, “esperta”, mais que todos os outros animais (Gênesis 3.1). A esperteza da serpente entra em contato com a transparência dos humanos. As consequências disso são o tema de Gênesis 3.1-7. 

O ponto que a serpente quer discutir com a mulher é a determinação divina de não comer do fruto da árvore do conhecimento do bem e do mal (Gênesis 2.16-17). Ela sugere que a motivação que teria levado Deus  a determinar isso tinha a ver com não ter rivais. “Pois Deus sabe que, no dia em que vocês comerem dele, os olhos de vocês vão se abrir, e vocês serão como Deus, conhecedores do bem e do mal” (3.5). Pouco antes ela tinha dito com todas as letras que, contrário ao que Deus tinha dito, “vocês não morrerão” (3.4).

Gênesis 3.6 expressa o que se passa na cabeça do ser humano quando confrontado com estas questões. Como que já abrindo os olhos (a serpente não tinha dito que os olhos se abririam?), a mulher “viu” o que até então aparentemente havia passado despercebido. Que o fruto dessa árvore devia ser bem gostoso. Mais, parecia bem apetitoso. Mais, ele parecia corresponder a um profundo desejo que o ser humano de repente sentiu: saber das coisas.  Há aí um crescente, o envolvimento vai ficando cada vez maior e mais profundo. A Bíblia vai chamar isso de “tentação”.

Dia 9 – Ano 1