1 Reis 12.1-15

1 Reis 12.1-15

O capítulo anterior termina falando da morte de Salomão e dizendo: “e Roboão, seu filho, reinou em seu lugar” (1 Reis 11.43). O presente capítulo engata direto. “E Roboão foi a Siquém, onde todo o Israel veio para torná-lo rei” (1 Reis 12.1). O relato da sucessão de Salomão é indicativo da condição em que se encontrava o reino quando ele faleceu. Parecido com a história de Saul e Davi. O reino continuava na mão de Saul, mas o profeta de Deus já havia ungido Davi. Agora temos novamente uma situação em que há um rei oficial, o filho de Salomão, e um novo ungido, Jeroboão (1 Reis 11.26-39). Como Saul procurou matar Davi, agora Salomão procura matar Jeroboão. Como Davi havia fugido, agora Jeroboão foge (1 Reis 11.40).

Os rumos dos acontecimentos, nesse caso, foram diferentes. O novo ungido, Jeroboão, acabaria reinando sobre dez das tribos, e Roboão ficaria com uma, a tribo de Judá. 1 Reis 12 conta como foi que aconteceu essa divisão, abrindo caminho para a história que segue e que se estenderá por vários séculos. Começa a história do reino dividido em Israel. As dez tribos formaram o “reino do norte”, Israel, e a tribo de Judá se tornou o “reino do sul”. Os séculos seguintes foram marcados, na maior parte do tempo, por inimizade entre os dois reinos.

A primeira parte do capítulo (1 Reis 12.1-15) é interessante também porque lança luzes, retrospectivamente, sobre o reinado de Salomão. Na instalação do novo rei, Roboão, “toda a congregação de Israel” (12.3) veio a ele acompanhada por Jeroboão, que voltou do Egito quando soube da morte de Salomão. “Teu pai fez pesado o nosso jugo. Alivia, agora, a dura servidão a que nos submeteu teu pai, e o pesado jugo que nos impôs” (12.4). E são israelitas que estão falando, não estrangeiros! (1 Reis 9.21-22).

Roboão pede três dias para tomar uma decisão. Aconselha-se primeiro com os velhos ministros de Salomão, seu pai. Estes o aconselham a “se tornar servo” do povo e “o servir”. Se ele fizesse isso, o povo “o serviria” (12.7). Esse conselho reflete bem o que se pode considerar o ponto central no exercício da autoridade. Os poderes instituídos estão aí para servir o povo. Fazendo isso, eles suscitarão uma atitude recíproca por parte do povo. “Servi uns aos outros, cada um conforme o dom que recebeu” (1 Pedro 4.10). O novo rei tem uma chance histórica de restaurar uma simetria no exercício do poder que havia se perdido ao longo do reinado de seu pai.

Depois Roboão se aconselha com os jovens ministros recém empossados. O conselho que eles dão é o oposto. Roboão devia começar mostrando firmeza e autoridade. E esse, então, foi o conselho seguido. Quando o povo voltou para uma nova audiência, a resposta do rei foi: “Meu pai tornou pesado o jugo imposto a vocês. Eu, vou torná-lo mais pesado ainda” (12.14). Em vez de restaurar a simetria, o novo rei opta por aumentar a dissimetria. Em vez de mostrar fraqueza, ele mostraria quem manda e quem obedece. A sequência da história bíblica revela a fraqueza dessa postura.

Dia 304 – Ano 1