1 Reis 12.20-33

1 Reis 12.20-33

Uma ou duas gerações de embriagamento com dinheiro, mulheres e religião foi suficiente para deixar o povo de Deus no que espiritualmente deve ser designado como “situação de calamidade pública”. O povo de Deus volta a preferir o ouro ao Senhor, o Deus de Israel. Muito tempo atrás, no deserto, na saída do Egito, vendo que Moisés havia desaparecido, o povo pede ao sacerdote que lhes faça um deus (Êxodo 32.1). O sacerdote recolhe ouro e dele faz uma imagem (32.2-4). Ao ver a imagem pronta, o discurso foi: “Este, Israel, é o deus que te tirou do Egito” (32.4). E lhe consagraram uma festa.

Temos visto como o relato do reinado de Salomão está marcado por alusões ao Egito e ao êxodo, e como o povo de Deus corre o risco de fazer a outros o mesmo que fizeram com eles. Subterraneamente havia uma coisa que unia israelitas e egípcios e que permitia sempre de novo essa identificação: amor ao ouro e ao poder que ele concede. Nem sempre os israelitas externaram tão sinceramente essa compulsão interior que tende a mover os humanos e à qual eles têm tanta dificuldade de resistir. O amor ao dinheiro continuou. Com o tempo foi sendo maquiado, revestido inclusive de uma aura de santidade. Em relação ao bezerro de ouro, preferiu-se enfatizar a palavra “bezerro”, sugerindo que “ouro” seria apenas o material de que casualmente o ídolo havia sido feito. Mas no momento em que ouro e poder se tornam de novo relativamente abundantes, a velha idolatria aflora. 

Jesus, descendente de Davi e de Salomão, vai dizer: “Ninguém pode servir a dois senhores … Vocês não podem servir a Deus e ao dinheiro” (Mateus 6.24). Na sabedoria de Jesus, o conjunto dos ídolos em Israel é reduzido ao maior de todos: Mamon, encarnação do dinheiro, do ouro. O povo de Deus tem diante de si estes dois caminhos: o do Deus de Israel ou o do ouro, do dinheiro. Querer reter os dois, misturá-los, é impossível. Não é de surpreender que na história bíblica a Besta, o supremo adversário de Cristo e de Seu povo, seja identificado com o ouro: “o número da besta: 666” (Apocalipse 13.18). 666 talentos de ouro por ano (1 Reis 10.14) bastaram para comprar o coração do povo de Deus. Discursos à parte, quando a Besta se manifesta muitos a seguem de boa vontade. Muitos inclusive sugerindo que este ouro que se contrabandeia para dentro dos corações do povo de Deus seria sinal de bênção e não de servidão ao ídolo.

Na sequência de 1 Reis 12 (20-33), Jeroboão, agora rei sobre dez tribos de Israel, exterioriza essa verdade que o povo de Deus muitas vezes tem tentado esconder ou disfarçar. Manda fazer dois bezerros de ouro e apregoa: “Este é o teu deus, Israel, que te fez subir da terra do Egito” (1 Reis 12.28). Esse é o povo de Deus, escolhido por Ele para servir ao mundo e mostrar ao mundo o Seu amor! Dez tribos adoram explicitamente o dinheiro, a outra herda a adoração ao dinheiro já do rei anterior. Quando, na sequência da história, o “dinheiro encarnado”, o anticristo, se manifesta, seguirá encontrando fiéis seguidores no seio do povo de Deus.

Dia 306 – Ano 1