1 Reis 14

1 Reis 14

Começa agora a história do reino desunido. A partir daqui, precisamos prestar atenção redobrada, porque o relato vai se movendo entre o reino do norte (Israel) e o reino do sul (Judá). Essa tentativa de acompanhar o fluxo dos acontecimentos em ambos os reinos indica que, da perspectiva da narrativa bíblica, há um só Israel. Nenhuma divisão externa pode anular isso.

Em 1 Reis 14 temos, primeiro, a sequência da história de Jeroboão, rei de Israel (14.1-20). Seu filho Abias adoece. Jeroboão apela para Aías, o profeta que o havia ungido tempos atrás. Jeroboão manda a mulher ir falar com ele. Entrementes, Deus já havia falado com Aías encaminhando a situação. O profeta não só não cura o menino adoecido, como ainda manda dizer duras palavras a Jeroboão. O verdadeiro “Deus de Israel” (14.7) manda dizer a Jeroboão: “… te levantei do meio do povo, te fiz chefe sobre o meu povo, tirei o reino da casa de Davi e te entreguei…” (14.7-8). E segue a denúncia: “… e tu não foste como meu servo Davi, … antes fizeste o mal” (14.8-9). E a consequência: “E eis que trarei o mal sobre a casa de Jeroboão” (14.10). O menino morrerá, mas terá o privilégio de ser enterrado condignamente. O restante da descendência de Jeroboão nem isso terá. Deus “suscitará para Si um rei sobre Israel, que eliminará a casa de Jeroboão” (14.14). E futuramente fará com que o povo seja levado embora de sua terra (14.15). Deus “abandonará a Israel por causa dos pecados que Jeroboão cometeu e pelos que ele fez Israel cometer” (14.16). A história de Jeroboão termina com um registro protocolar: que seus atos foram escritos, quantos anos reinou e quem o sucedeu (14.19-20).

Em 1 Reis 14.21-31 somos levados a Judá, com o relato da sequência do reinado de Roboão, o sucessor de Salomão. O relato já começa em estilo protocolar: com quantos anos subiu ao trono, quantos anos reinou, e depois uma avaliação geral do seu reinado (14.21-22). Também Judá “fez o que era mau diante dos olhos do Senhor”. Dos dois reinos é dito que fizeram o mal, pior que antes (14.9; 14.22). O foco está na idolatria (14.9; 14.23). Também nisso imitaram as outras nações (14.24). Do reino do norte é dito que seu povo será exilado (14.15). O reino do sul, foi invadido e saqueado pelos egípcios (14.25-26). E também o relato sobre o reinado de Roboão termina protocolarmente (14.29-31). Duas vezes se  menciona o nome de sua mãe, a amonita Naamá (14.21,31). E o desolador registro: “Houve guerra entre Roboão e Jeroboão todos os seus dias” (14.30).

Essa frase, aparentemente jogada no meio do texto, expressa bem o coração de Deus em relação ao que está se passando com Seu povo. Ela irá se repetindo geração após geração (1 Reis 15.6; 15.16; 15.32). Cada nova geração está sob a mesma bênção e sob o mesmo mandato: ser bênção a todos os povos. E de cada geração, ao final, tem que se dizer que houve guerra entre irmão e irmão, todos os seus dias. Não só não são bênção para o mundo, até obstaculizam a bênção que Deus sempre de novo concede ao Seu povo. O texto bíblico não esconde nada disso. E vai repetindo seu protesto, geração após geração: Israel fez o que era mau; Judá fez o que era mau.

Dia 310 – Ano 1