1 Reis 18.20-46

1 Reis 18.20-46

Com todo mundo presente no Monte Carmelo, Elias, o profeta, se dirige ao povo. “Até quando vocês vão ficar pulando de lá para cá?” Decidam-se! “Se o Senhor é Deus, sigam a Ele. Se é Baal, sigam a ele” (1 Reis 18.21). Momentos como esse tem sido pontos altos na história do povo de Deus. No tempo de Josué, quando se deu por concluída a tomada da terra pelos israelitas, Josué convoca o povo à decisão. “Escolham hoje a quem vocês querem servir” (Josué 24.15). Poderiam servir aos deuses dos antepassados, ou então aos deuses da região, ou então ao Deus de Israel, que os havia guiado do Egito até ali. “Eu e a minha casa serviremos ao Senhor”. O que não dá é ficar pulando daqui para ali de acordo com circunstâncias e interesses.

Uma leitura superficial do Antigo Testamento nem sempre deixa clara a extensão da adoração a outros deuses dentro do povo escolhido. Já a necessidade que os textos têm, de sempre de novo advertir quanto a isso, é uma evidência de que isso era mais disseminado do que pode parecer. Quando Jeroboão, como vimos em 1 Reis 12, promulga que Israel passará a adorar oficialmente o bezerro de ouro, ele não está inventando um novo deus. Está retomando e legalizando uma tradição já antiga. Para muitos, talvez a maioria, isso poderia ser considerado uma modalidade legítima de adoração ao Deus de Israel.

O desafio de Elias é claro. O texto mostra que quem conduz as ações é ele, o profeta do verdadeiro Deus. Ambos os lados recebem um novilho para ser sacrificado sobre um altar. Mas não podem acender o fogo. Isso terá que ser feito pelo deus, que nisso mostrará o poder que o legitima (18.24). Os profetas de Baal começam. Tudo preparado no altar, vão-se longas horas de clamor a Baal para que atenda e acenda o fogo. No auge do culto, eles entram numa espécie de transe coletivo e “profetizam” (18.29). Sem resposta. O texto usa de uma certa ironia ao retratar um crescendo em duas direções, a do fervor na adoração e a da ausência de resposta. O v.26 diz literalmente “sem voz e sem resposta” (não havia voz que respondesse). Já o v.29 vai dizer “e sem voz e sem resposta e sem atenção” (não havia voz que respondesse, indicando que alguém prestava atenção).

O fracasso dos profetas de Baal é seguido pela ação desafiante do profeta do Senhor. Elias chama o povo, reconstrói o altar do Senhor, que estava em ruínas, e manda que cavem uma cova circular ao redor do altar. Prepara o sacrifício, e pede que derramem água sobre ele e sobre a lenha. Uma, duas, três vezes. A água escorria para dentro da cova. Na hora do sacrifício da tarde, conforme estipulado na Torá, Elias pede a Deus que acenda o fogo e aceite a oferenda. “Então desceu um fogo do Senhor e consumiu o sacrifício, a lenha, as pedras, o pó, e lambeu a água que corria na cova” (18.38).

Dia 318 – Ano 1