1 Samuel 4

1 Samuel 4

Os versículos finais do capítulo anterior (1 Samuel 3.19-21) são difíceis de traduzir adequadamente. No começo do capítulo é dito que a palavra de Deus tinha se tornado rara, porque as visões não conseguiam irromper (3.1). No fim, isso é revertido. Há palavra de Deus, há visões. O que mudou? A narrativa deixa claro que Samuel fez a diferença. Samuel neeman lenavi, diz o texto (3.20). Pode se entender que Samuel “se tornou de confiança” para ser profeta (por suas ações, diferentes das dos filhos de Eli) ou que a Samuel “foi confiado” ser profeta. Há aqui uma correlação, uma parceria que engloba ambos os momentos. 

O que o texto dá a entender é que o nosso jeito de viver faz diferença. A palavra de Deus pode irromper através de nós, ou nós podemos estar dificultando a irrupção da palavra de Deus. O capítulo 4 começa com uma breve observação. “A palavra de Samuel veio a todo Israel” (1 Samuel 4.1). A palavra de Deus pôde irromper de novo, através da palavra de Samuel.

O resto do capítulo é dedicado ao fim da história de Eli e seus filhos. Um fim trágico. A vida desregrada dos filhos de Eli era acompanhada de falta de discernimento. O que, em consequência, gerava falta de discernimento no povo. No aperto da guerra, eles trataram a arca sagrada, “a arca da aliança do Senhor dos Exércitos, que mora com os querubins” (4.4), como um talismã. Achavam que ela, magicamente, derrotaria os inimigos. O que aconteceu? Israel foi derrotado (v.10), os filhos de Eli morreram (v.11), o próprio Eli morreu ao ouvir a notícia (v.18). E a arca foi levada pelos filisteus (v.11). O trecho termina num lamento: “foi-se a glória de Israel” (v.22).

Os próximos capítulos ainda falarão do poder da arca sagrada. Os filisteus são os primeiros a reconhecê-lo (4.7-8). A narrativa não questiona esse poder. Mas reflete sobre a relação entre o poder divino e o jeito de viver das pessoas. O que os israelitas estavam aprendendo é que aí deve haver uma parceria, e que é o próprio Deus que quer isso assim.

Dia 235 – Ano 1