A segunda parte do capítulo anterior (1 Samuel 2.12-36) conta uma história triste e uma alegre. As duas têm a ver com filhos. Uma, com os filhos de Eli, o velho sacerdote com o qual o menino Samuel ficou morando, no templo. O texto diz que eles eram “filhos de Belial” (2.12), eram maus. E conta algumas das coisas que eles faziam rotineiramente (2.12-17; 22-25), pecando contra Deus. Até que um “homem de Deus” (2.27) profetiza a morte deles e o surgimento de um novo sacerdote (2.35).
Duas vezes o relato dos pecados dos filhos de Eli é interrompido para falar de uma outra história de filhos, a dos filhos de Ana e Elcana. O mais velho, Samuel, ia crescendo e era “bem visto, tanto pelo Senhor como pelas pessoas” (2.26). Depois dele, Ana teve mais filhos e filhas (2.21). Samuel servia no templo (2.18-19). O contraste entre essas duas histórias é intencional.
No começo do capítulo 3 há uma observação, que será revertida no final. “Naqueles dias a palavra do Senhor era rara. Nenhuma visão conseguia irromper” (1 Samuel 3.1). É interessante essa maneira de colocar as coisas. Poucas versões modernas da Bíblia captam bem o que é dito. Havia falta da palavra de Deus, porque visões não conseguiam chegar. A imagem é de Deus querendo mandar algo, e este algo sendo interrompido, cortado.
O relato dos pecados dos filhos de Eli, e da negligência do próprio Eli, explica isso. E também a história do trecho de hoje, que conta como Deus começou a falar com o jovem futuro sacerdote, Samuel. Deus lhe falava no sono da noite. Samuel demorou para perceber o que estava acontecendo. Achava que era Eli que o chamava. Até que enfim, por conselho do próprio Eli, Samuel responde a Deus: “fala, teu servo ouve” (3.10).
De Samuel é dito, então, que “o Senhor estava com ele, e não deixou cair por terra nenhuma de suas palavras” (v.19). E mais: que todo Israel ficou sabendo que Samuel era profeta do Senhor (v.20), e que o Senhor agora aparecia de novo em Siló. Ele se revelava a Samuel, com Sua palavra (v.21).
Dia 234 – Ano 1