2 Reis 17

2 Reis 17

A situação no reino de Israel vai se complicando, do ponto de vista da narrativa bíblica. Nos dias de Jeroboão II, o texto refere que “o Senhor ainda não falava em apagar o nome de Israel de debaixo dos céus” (2 Reis 14.27). Num período de doze anos a seguir, houve quatro reis em Samaria. O filho de Jeroboão, Zacarias, reinou 6 meses e sofreu um golpe de estado. Salum, o golpista, ficou um mês no poder e sofreu ele próprio um golpe, da parte de Menaém, que se manteve no poder por 10 anos e foi sucedido por seu filho Pecaías. Depois de 2 anos, Pecaías foi assassinado por Peca, que conseguiu reinar por 20 anos.

Peca foi morto por Oséias, que reinou em Samaria por 9 anos (2 Reis 17.1). Oséias foi vassalo dos assírios, que entenderam que ele estava conspirando contra eles. O imperador assírio prendeu Oséias e invadiu Israel. Depois de um cerco de 3 anos, a capital Samaria foi tomada e os israelitas levados cativos (17.5-6). A política da Assíria consistia em trasladar populações de um canto a outro do império. Para o território de Israel foram deslocados contingentes de várias partes (17.24). Em 2 Reis 17.7-23 temos um relato pungente das causas da tragédia.

Uma sequência histórica é delineada, para explicar o desastre. Primeiro, “os filhos de Israel pecaram contra o Senhor, seu Deus, que os havia tirado da terra do Egito e da opressão do faraó, rei do Egito, e veneraram outros deuses” (17.7). A idolatria é descrita em detalhes (17.8-12). Segundo, “o Senhor advertiu Israel, e também Judá, através dos Seus profetas e videntes” (17.13). Terceiro, “mas eles não ouviram” (17.14). Rejeitaram a Instrução divina (17.15-16). Finalmente, não houve mais jeito. “Então o Senhor ficou muito indignado com Israel, e os afastou da Sua presença” (17.18), “como havia dito através dos Seus servos, os profetas. E Israel foi levado cativo de sua terra para a Assíria, até o dia de hoje” (17.23).

O restante do capítulo comenta o caos religioso que, da perspectiva profética, se instalou no que outrora havia sido o reino de Israel. As populações transplantadas, elas próprias exiladas de suas terras, tentaram tocar a vida do melhor jeito possível. E trouxeram seus deuses. O texto fala num aumento da população de leões, provavelmente por causa do abandono do território, e dos problemas que isso causou. Entendendo que os deuses locais estavam irados, apelaram para as autoridades assírias. Que decidiram mandar para lá um sacerdote israelita, para lhes ensinar “como deviam venerar o Senhor” (17.28). O resultado foi que “veneravam o Senhor, e serviam os seus próprios deuses” (17.33), o que para o texto significa que “não veneram o Senhor”. Adorar o Senhor, na perspectiva profética, inclui necessariamente viver segundo a Instrução e os mandamentos que Ele havia dado ao Seu povo (17.34). O texto termina de modo melancólico: “E assim estes povos veneravam o Senhor e serviam as suas imagens, tanto eles como seus filhos e os filhos de seus filhos, … até o dia de hoje” (17.41).

Dia 360 – Ano 1