2 Reis 18

2 Reis 18

“Só sobrou a tribo de Judá”. E mesmo Judá “não guardou os mandamentos do Senhor, seu Deus” (2 Reis 17.18). O lamento sobre a destruição do reino de Israel se estende, tristemente, ao reino de Judá. Mas surge um sinal de esperança. O filho de Acaz, o jovem Ezequias, tem posturas bastante distintas das de seu pai. O texto lhe derrama elogios. Ezequias “fez o que era reto diante dos olhos do Senhor, como tudo que havia feito seu pai Davi” (2 Reis 18.3). “Confiou no Senhor, o Deus de Israel”, “não houve um como ele” entre os reis de Judá. “Se apegou ao Senhor”, “e o Senhor estava com ele” (18.5-7). 

Ezequias vai promover uma reforma religiosa bastante radical. A primeira medida destacada é que ele “removeu os altos” (18.4), os lugares elevados onde se faziam oferendas e práticas religiosas que para a narrativa bíblica destoam da autêntica fé em Deus, e cuja permanência era sempre de novo questionada. Outra medida elogiada é a destruição da “serpente de bronze”, cuja origem é atribuída a Moisés, durante a caminhada pelo deserto (Números 21.9), para a qual, diz o texto, “até hoje os filhos de Israel oferecem incenso” (2 Reis 18.4). Na política externa, Ezequias é elogiado por ter se rebelado contra os assírios, mesmo à vista do que havia acontecido ao reino de Israel (18.7-12).

Mas a reação assíria não demorou. No ano 14 do reinado de Ezequias, os assírios, que agora faziam fronteira com Judá ao norte, tomaram as suas principais posições de defesa (18.13). Sentindo o baque, Ezequias se penitencia e volta a pagar tributo aos assírios (18.14-16). Mas por alguma razão isso não pareceu suficiente para eles. De Laquis, que agora era posto avançado assírio, mandaram um grande exército a Jerusalém com uma oferta de rendição (18.17-18). 

Este episódio foi tão marcante na época que o texto o relata com bastante detalhes. Uma comitiva de Jerusalém vai ao encontro deles, e um comandante assírio faz um discurso de auto-exaltação e humilhação do inimigo, em nome do seu rei (18.18-25). O relato se impressiona com a sua insolência, especialmente no que tem a ver com o Deus de Israel. “Que confiança é essa?”, grita o homem. Estaria o rei de Judá confiando em que o Egito venha socorrê-lo? Ou no Senhor? “Por acaso foi sem o Senhor que eu vim até aqui?”. Isso foi quase um golpe no fígado. “Foi o Senhor que me disse para vir” (18.25). Fragilizados como estavam os judaítas, a dúvida aí semeada é desalentadora. Nenhum dos deuses dos povos vizinhos conseguiu deter os exércitos assírios, prossegue o mensageiro (18.35). Por que com o Senhor haveria de ser diferente?

Dia 361 – Ano 1