2 Reis 5.13-19

2 Reis 5.13-19

Estamos acompanhando Naamã, comandante sírio, em sua busca por cura de uma doença. Recomendaram-lhe um homem de Deus em Israel, e ele vai, com apoio inclusive do rei. Antes mesmo de ele chegar à casa de Eliseu, um mensageiro lhe comunica a receita do profeta, mergulhar sete vezes no rio Jordão. Indignado, Naamã vai embora. Seus acompanhantes tentam ajudar. Se ele pedisse para fazer uma coisa mirabolante, não farias? Não custa tentar! (2 Reis 5.13). Por via das dúvidas, ele desce ao Jordão e mergulha sete vezes, conforme a instrução. E sua pele fica que nem pele de criança. Ele estava curado. 

Então Naamã retorna ao homem de Deus, com toda a sua comitiva. E diz: “Agora sei que não há Deus em lugar algum, a não ser em Israel” (5.15). E lhe oferece os presentes que havia trazido. Eliseu se recusa terminantemente a aceitar qualquer coisa. Vendo que não adiantava insistir, Naamã faz um pedido a Eliseu, que à primeira vista pode parecer estranho. Que lhe seja permitido carregar duas malas com terra de Israel. “Pois teu servo não mais fará qualquer sacrifício ou oferta a outro deus que não ao Senhor” (5.17). Era normal, na época, relacionar os deuses com uma região ou uma nação. Para Naamã, verdadeiro culto ao Deus de Israel tinha que ser feito em chão israelita. A seguir Naamã faz algo que nos poderia parecer impensável. Quando ele tiver que acompanhar seu rei no culto ao deus Rimom, que o Senhor o perdoe! E talvez mais impensável ainda foi a resposta de Eliseu: “Vai em paz!” (5.18-19). 

Várias coisas nos são sugeridas à meditação nesse episódio tão estranho quanto fascinante. Primeiro, o homem de Deus cura um comandante inimigo, de quem o texto diz que através dele “o Senhor havia dado vitórias” aos inimigos do povo de Deus, sendo que pelo menos uma das vitórias mencionadas é sobre os próprios israelitas. Segundo, Deus pode falar tanto através de poderosos profetas como através de uma israelita anônima, escrava na casa de um comandante sírio. A presença e o testemunho dessa pessoa no lugar certo na hora certa, desencadeia uma série de eventos que levarão um importante não-israelita a reconhecer que não há na terra deus senão o Deus de Israel.

Terceiro, o rei de Israel, apesar de tudo que já devia ter visto e ouvido, na hora do aperto desconsidera o fato de que “há profeta em Israel”.  Quarto, um comandante sírio pode ser mais “crente” que o próprio rei de Israel. Quinto, o homem de Deus pode curar à distância, através de uma simples palavra. Cura não vistosa, nem por isso é menos efetiva. Nenhum show é necessário para que a palavra de Deus atue com poder. Sexto, a lealdade de Naamã não é questionada pelo profeta quando ele pede perdão antecipadamente, por ter que acompanhar seu rei ao templo de seu deus. Pelo contrário, Eliseu lhe diz para ir em paz.

Dia 342 – Ano 1