2 Samuel 12

2 Samuel 12

Quando Deus consentiu que Israel tivesse rei, colocou alguns limites. Deuteronômio 17.14-20 diz que o rei de Israel não deve “multiplicar para si mulheres” e que, para que “o seu coração não se eleve por sobre os seus irmãos”, deve meditar de contínuo na palavra de Deus. O capítulo anterior apresentou um Davi andando na contramão. Por isso, como está escrito em Deuteronômio 18, Deus manda ao rei um profeta.

Em 2 Samuel 12 temos uma cena que, a partir de agora, veremos com frequência na narrativa bíblica: o rei confrontado por um profeta que lhe fala em nome de Deus. Esses confrontos serão carregados de tensão, pois há aqui uma questão de poder: quem deve obediência a quem? Pelo menos nisso Davi se mantém dentro das expectativas. Ele aceita a palavra de juízo dita pelo profeta, e se subordina a ela. Central em todo o diálogo é o v.13, onde Davi confessa o seu pecado, e o profeta lhe anuncia uma absolvição: “o Senhor passa pelo teu pecado; não morrerás”. As consequências, no entanto, não poderão ser apagadas, como o profeta deixa claro (v.10-12), e como os próximos capítulos mostrarão.

A morte de inocentes nunca poderá ser compensada. Quando Deus diz que “passa pelo pecado” de Davi, significa que deixa de aplicar a pena dele de imediato, e sobre o próprio Davi. A sequência da narrativa bíblica mostrará que, muito tempo depois, o próprio Deus carregará sobre Si mesmo estes pecados e sofrerá as consequências deles (cf. Isaías 53.4-5). A morte de inocentes não pode ser apagada, e Deus não o faz. Ele se coloca ao lado deles e sofre com eles o seu destino, e com isso anuncia uma reconciliação (2 Coríntios 5.17-21) que não é um fazer de conta que nada aconteceu, mas a possibilidade de um novo começo passando através da dor e da morte.

O restante do capítulo (v.15-25) primeiro conta a história do menino que nasceu do adultério de Davi com Bate-Seba, e que morre logo depois. E de  outro menino que veio a nascer, agora em uma relação já não de adultério. Depois, vem um relato de uma investida contra os amonitas (v.26), de como o comandante Joabe prepara o cerco à capital e aí chama Davi para liderar a tomada da cidade (v.27-30), e de como o povo conquistado é sujeitado a trabalhos forçados (v.31).

Dia 269 – Ano 1