Deuteronômio 19 — 20

Deuteronômio 19 — 20

Os últimos capítulos têm estado envolvidos com questões de cunho “religioso”. Israel estava aprendendo, aos poucos, uma coisa extraordinária no universo religioso: que a vida é mais importante que a religião. Que a religião está em função da vida, e não o contrário. Mas isso é tão revolucionário, tão contrário aos nossos hábitos, que leva tempo para aprender e para interiorizar.

Os capítulos de hoje nos levam de volta a questões da vida pública, e ao propósito divino de trazer justiça e reconciliação para dentro das comunidades e sociedades. De novo se fala da questão das cidades de refúgio (Deuteronômio 19.1-13). No antigo Israel valia a “lei do talião”: olho por olho, dente por dente (19.21). Hoje em dia esse princípio tem sido menosprezado em certos círculos, às vezes em nome de um humanismo que às vezes acaba sendo mais injusto que as injustiças que pretende corrigir. A voz das vítimas, muitas inocentes, é calada e as leis parecem proteger mais aqueles que são os culpados disso.

O direito israelita buscava maneiras de fazer justiça, se possível a todos. Para evitar que fosse tomada a vida de alguém que tomou a vida de outra pessoa sem intenção, foram criadas “cidades de refúgio”. Para evitar que estas, por sua vez, se tornassem refúgio de assassinos, foram criados mecanismos de julgamento que trouxessem à luz a verdade (19.11-13). Como muita coisa dependia da palavra de testemunhas, também isso tinha que ser regulamentado com cuidado (19.14-21).

Sendo a guerra inevitável, naquele contexto, buscava-se medidas para que o estrago por elas causado não fosse por demais injusto. Essa é a tônica de Deuteronômio 20. Para mostrar que a vida era mais importante que a guerra, quem ainda tinha uma das grandes coisas a viver (casamento, casa nova, primeira colheita, etc.) seria dispensado, bem como os medrosos (20.1-9). Primeiro se deveria sempre buscar a paz (20.10-12). A parte mais inocente da população devia ser, na medida do possível, preservada (20.14). E também preocupações ecológicas tinham seu lugar (20.19-20).

Dia 170 – Ano 1