Êxodo 31

Êxodo 31

Neste capítulo (Êxodo 31) chegamos ao fim das instruções para a construção da Tenda de Deus. A última instrução diz respeito às pessoas que iriam construí-la. Também elas escolhidas pelo próprio Deus (Bezalel, v.2; Aoliabe e mais um grupo de assistentes, v.6). O relato destas instruções, que havia começado em Êxodo 25, termina agora com um inventário (31.7-11) de “tudo que foi ordenado” (v.11). Chama a atenção aqui que o artesão é “enchido do espírito de Deus” (v.3), e que isso lhe dá sabedoria, inteligência, conhecimento existencial e habilidade prática, como diz o texto. Esta descrição é reconciliadora, em mais de um sentido.

Primeiro, ela reconcilia o “espiritual” com o “mundano”. O homem é cheio do Espírito, e o que isso lhe traz? Capacidades “mundanas”! Na verdade, aqui já não podemos mais separar estas “esferas”, como fazemos em nosso mundo danificado pelo pecado. A construção da Tenda é um exercício de mundo reconciliado. Reconciliação entre o divino e o humano, entre o espiritual e o mundano.

Segundo, temos aqui uma reconciliação dentro do próprio ser humano. A divisão entre o “racional” e o “não-racional”, entre teoria e prática, não existe aqui. Nosso texto amplia a noção de “inteligência”, juntando-a com sabedoria, conhecimento existencial e habilidade prática.

O capítulo termina (Êxodo 31.12-18) com dois elementos que são símbolos dessa reconciliação, apontando para ela e, pela sua observância, assegurando a presença constante dela: o shabat (que a palavra “sábado” já não representa bem) e os Mandamentos. Shabat e mandamento não foram dados para separar. Foram dados para (re)unir, para integrar. Fazendo-nos interromper a rotina do cotidiano, eles nos tornam conscientes de um mundo reconciliado, e alimentam nossa esperança.

Dia 84 – Ano 1