Isaías 13.1

Isaías 13.1

Em Isaías 13 começa um ciclo de profecias relacionadas aos povos e às nações. Em Isaías 10.5-34 já há uma palavra profética sobre a Assíria, a grande potência naquele momento geopolítico. Os assírios são descritos como executando a vontade de Deus, mesmo que pensem que é por seu próprio poder e capacidade que eles fazem o que fazem e chegam onde chegam. Deus julga os povos através deles, começando por Seu próprio povo. Quando a maldade acumulada faz a terra clamar, esse clamor “chega aos céus”. Exemplos disso temos em Sodoma e Gomorra, e no Egito. O clamor sobe a Deus e Ele julga o caso (Gênesis 18.20-21). No Egito, os israelitas estavam submetidos a opressão tão grande que “o seu clamor subiu a Deus”, que “atentou para a condição deles” (Êxodo 2.23-25).

A execução do julgamento divino geralmente se dá em meio ao fluxo normal dos acontecimentos. Tanto que ela pode ser descrita como resultando dos movimentos dos agentes históricos, que por isso mesmo têm plena responsabilidade por seus atos. A maldade que grassava em Israel e Judá gera um clamor que suscita a indignação divina. Céu e terra são testemunhas, diz o profeta (Isaías 1.2). Então o “braço” divino se levanta para fazer justiça, sem a qual os próprios céus e a terra são abalados em seus fundamentos. A Assíria foi “o instrumento da minha indignação” (Isaías 10.5). Mas em sua soberba e arrogância não se percebia como tal. E assim ia acumulando maldade ela própria. E chegaria o momento em que sua maldade geraria um clamor que subiria aos céus. Por isso, quando estiver concluída a obra do Senhor no monte Sião, “castigarei a exaltação arrogante do rei da Assíria, a soberba envaidecida dos seus olhos” (Isaías 10.12).

Deus acompanha passo a passo os movimentos do Seu povo. A grande pergunta que as profecias relacionadas aos não-israelitas suscita é: quem é “Seu povo”? Temos visto que desde o começo a narrativa bíblica deixa claro que o povo de Deus é a humanidade. A família de Abraão é escolhida para ser bênção “a todas as famílias da terra” (Gênesis 12.1-3), que o texto bíblico tinha acabado de mapear em Gênesis 10 e 11. O “povo eleito” é eleito para ser mediador da bênção, e não seu proprietário. O que vemos nas profecias às nações é que elas são tratadas do mesmo jeito que Israel, a nação escolhida. A linguagem usada na relação de Deus com os povos é a mesma que é usada na Sua relação com os israelitas. Vale para todos a demanda por direito e justiça, vale para todos a indignação causada pelas transgressões do direito e da justiça, vale para todos o julgamento a que finalmente levam essas transgressões. Os profetas são chamados para trazer a palavra divina ao povo de Deus. Isto é, a todos os povos da terra. Aqui, no caso, a palavra de Deus é dirigida a um desses povos, à Babilônia (Isaías 13.1).

Dia 33 – Ano 2