Isaías 17

Isaías 17

Em Isaías 17 temos um massá, uma “palavra pesada” a respeito de Damasco, a capital da Síria. Síria e Israel (o reino israelita do norte, também chamado de Efraim) tinham na época uma coligação que chegou a ameaçar Judá e Jerusalém (Isaías 7). Aqui eles são incluídos numa mesma denúncia e numa mesma previsão. “A fortaleza de Efraim desaparecerá, e também o reinado de Damasco e o resto da Síria” (Isaías 17.3). Serão como “a glória dos filhos de Israel” (17.3), “a glória de Jacó” (17.4). Isso se refere à humilhação e o virtual desaparecimento como povo dos israelitas do norte, conquistados e deportados pelos assírios (2 Reis 17). Mas como eles fazem parte do povo escolhido, sobrará um resto (Isaías 17.4-6).

O reino de Israel teve períodos de prosperidade econômica. Isso acabou subindo à cabeça dos israelitas. “Plantações formosas” (17.10) é uma imagem para o progresso material e suas expressões. Só que “a videira de Israel” era estrangeira, e foi plantada por eles próprios (17.10, em contraste com 5.1-7). O povo perdeu seu senso de identidade, e isso acabou causando a sua ruína. “Esqueceste o Deus da tua salvação”.

Mas a destruição do povo de Deus nunca é total. Por isso o anúncio do julgamento vem acompanhado de uma mensagem de graça. “Naquele dia”, num momento futuro que é mencionado para fazer a diferença no momento presente, “os humanos olharão para o seu Criador, seus olhos verão o Santo de Israel” (Isaías 17.7). A promessa para o povo de Deus está intrinsecamente vinculada à promessa para o povo de Deus. Esclarecendo: o povo eleito, em sentido estrito, é Israel. Mas o povo eleito, em sentido amplo, é a humanidade toda. A eleição de Israel tem a ver com a mediação das promessas de Deus para a humanidade. Por isso aqui se fala em ha-adám, “o humano”, os humanos. Eles olharão para o seu Criador, e verão o Santo de Israel, que santifica Israel para que um dia a criação toda seja santificada.

Mas, e se Israel esquecer isso? Se o povo de Deus começar a pensar que são eleitos por serem bons, os melhores, e que por isso Deus os guiará no caminho da abundância e do poder? Essa é a inquietação que perpassa este texto. Voltar os olhos para o Criador, para o Santo de Israel, envolve necessariamente parar de olhar “para os altares, obras das suas mãos” (17.8). O drama da realização ou não disso é a mensagem que perpassa o Livro de Isaías.

Para “as nações” (17.13) o risco é esquecer ou não levar em conta que o Criador é o Santo de Israel, e se voltarem contra aqueles que representam o futuro delas, e os “despojarem” e “saquearem” (17.14). Deus as repreenderá (17.13). Essa é a mensagem maior das profecias relacionadas aos povos, que perpassam o Livro de Isaías.

Dia 36 – Ano 2