Isaías 40.2

Isaías 40.2

“Consolem, consolem o meu povo”, ressoa uma vez na Babilônia (Isaías 40.1). “Falem ao coração de Jerusalém…” (40.2). O tempo passado desde o final de Isaías 39 (e são muitos anos) foi tempo de tsevaá (40.2), de “serviço coletivo”. A tsevaá do povo de Deus terminou, se completou. “Sua iniquidade foi perdoada”. Jerusalém “recebeu da mão do Senhor um castigo dobrado por todos os seus pecados”.

Depois de tantas mensagens de reprimenda, de condenação, de julgamento, que o povo de Deus fez por merecer, a mensagem agora é de consolo. A solidariedade do Senhor para com o Seu povo não havia diminuído durante esse tempo todo, embora os acontecimentos tenham levado muita gente a pensar isso. O pedido para que “consolem” tem subsistência no fato de que os consoladores transmitem o consolo que vem do próprio Deus. A expressão “falar ao coração” é terna e amorosa. Aqui se revela o coração de Deus em sua “obra própria”. A “obra estranha” (Isaías 28.21) que Ele realiza em relação ao Seu povo tem a finalidade de remover o que impede a verdadeira vivência do amor e da graça.

O tempo do cativeiro, do exílio, foi tempo de tsevaá, de serviço coletivo,  de revisão de vida, de arrependimento, de conversão, de mudança de caminhos. Quando Deus convidava o povo “para chorar e prantear” (Isaías 22.12) eles tinham outras coisas na cabeça. Até Deus finalmente declarar que “acabou” (2 Reis 21.10-16). O profeta Oséias, que ministrou em Samaria, deu a um dos seus filhos o nome de Lô Ami (“Não Meu Povo”). Como o reino de Judá foi julgado pelos mesmos critérios que o reino de Israel (2 Reis 21.13), o nome serve também para ele. “Porque vocês não são meu povo, nem eu serei o vosso Deus” (Oséias 1.9). O mesmo Oséias (2.1), no entanto, previu que um dia eles serão chamados de Ami (“Meu Povo”). 

Pregando ao povo na Babilônia, o profeta Ezequiel teve uma visão de um vale cheio de ossos, os ossos em que havia se transformado “a casa de Israel” (Ezequiel 37.11). Foi chamado a pregar aos ossos, e o milagre aconteceu, os ossos reviveram. “Porei em vocês o meu Espírito e vocês viverão, e os estabelecerei em sua própria terra” (Ezequiel 11.14).

O exílio foi um morrer e um renascer, nada menos. No coração de Deus, Israel nunca deixou de ser Ami (“Meu Povo”). E quando chegou o tempo, quando seu “serviço coletivo” havia se completado, quando a iniquidade foi perdoada e os pecados compensados, Ele volta a “falar ao coração” de Seu povo. O exílio foi tempo de repensar juntos o que significa ser povo de Deus neste mundo. 

Dia 77 – Ano 2