Josué 12

Josué 12

Terminada a narrativa da conquista da terra, o Livro de Josué passa agora a um inventário. Para ser completo, ele começa contabilizando as vitórias de Moisés, que garantiram a posse de terra a duas tribos e meia dos israelitas no outro lado do Jordão (Josué 12.1-6). Citados são sempre os reis que foram derrotados, o rei representando a nação.

A seguir, atravessamos o Jordão, e vem a lista dos reis vencidos sob o comando de Josué (12.7-24). Essas vitórias, segundo a intenção do relato, garantiram a posse de terra às outras nove tribos e meia, na terra de Canaã. É uma longa lista (trinta e um reis, v.24). O texto recita os nomes, um por um, sem se preocupar com variação de estilo. “O rei de Jericó, um. O rei de Ai, do lado de Betel, um. O rei …” (v.9ss). É mais uma dessas listas que os textos bíblicos parecem tanto apreciar, e em relação às quais nós hoje temos problemas, por tendermos a achar que se trata de repetições inúteis. Por que não resumir? Para nós, seria suficiente a segunda metade do v.24: “… ao todo, trinta e um reis”.

Poderíamos aproveitar para meditar em nossa impaciência, em nossa pressa. Poderíamos meditar, por exemplo, no fato de que esse nosso estilo fatalmente um dia poderá levar pessoas a terem impaciência conosco. Para que os nomes? Não bastam números? Se isso parece bom para nós no momento, poderá não parecer quando o número substituir a nossa própria pessoa. E assim acabaremos impersonalizados, jogados numa vala comum, por causa de uma pressa que arrisca jogar fora uma das coisas mais importantes do mundo criado por Deus: a singularidade, os nomes, a individualidade de cada criatura.

Nesse sentido, o texto bíblico representa um enorme desafio. Na modéstia formal de uma simples lista de nomes, ele desafia todo um estilo de vida coisificante, despersonalizante, que na correria do nosso dia a dia acabamos por adotar sem perceber e sem pensar. De jeitos inesperados, a Palavra nos questiona e nos solicita a perceber a solenidade de uma lista de nomes, respeitando a bagagem de vida que ela guarda dentro de si.

Dia 196 – Ano 1