Josué 13

Josué 13

No final do capítulo 11 (11.23) lemos que, sob o comando de Josué, os israelitas haviam conquistado toda a terra, e que a terra pôde, então, “repousar da guerra”. Já o presente capítulo começa com uma lista de “terras ainda não conquistadas” (Josué 13.1-13). Como explicar essa aparente discrepância?

Podemos, apressadamente, acusar o texto de contradição ou incoerência, e usar isso como pretexto para deixá-lo de lado. Ou podemos interpretar isso como evidências de que esses textos são pedaços de várias fontes e procedências, reunidos desajeitadamente. Ou, então, podemos meditar um pouco nessa nossa falta de vontade de escutar com atenção e paciência o que o outro quer dizer, com seus jeitos talvez um pouco estranhos.

Ou aprendemos isso, ou um dia passaremos pela situação da falta de vontade de outros em nos ouvir pelo fato de sermos diferentes. Um espírito que nós próprios ajudamos a disseminar com nossas atitudes, por exemplo, face a textos como esse que estamos lendo.

Temos observado como a narrativa bíblica se movimenta habilmente entre duas perspectivas, a da realidade e a da esperança. E como é o conjunto das duas que, na dose certa, representa sabedoria. O olhar da esperança transgride o presente e as presenças. Ousa pensar o futuro e já ir vivendo como se esse futuro fosse realidade presente. E assim constitui-se numa força que acaba fazendo com que esse futuro se realize, pelo menos em parte. O olhar realista, por outro lado, nos vincula ao momento e ao tempo presente, com seus limites e suas possibilidades. A Bíblia vê a conquista da terra pelos israelitas nessa dupla perspectiva. Por um lado, sempre de novo visualizando-a como realizada. Por outro lado, realista e ciente do que ainda falta por fazer. E nisso nos ensina uma lição que vai bem além do conteúdo destes textos.

A segunda parte do capítulo começa um inventário minucioso do território designado a cada uma das tribos, que se estenderá pelos próximos capítulos. Começa com o território das tribos que receberam terra do outro lado do Jordão (13.14-33).

Dia 197 – Ano 1