Juízes 8

Juízes 8

Nesse capítulo voltamos a observar um lado bem “humano” da Bíblia. São narrativas de intrigas, de gente agindo por motivos calculísticos, de vingança. Não dá para ver nada em que os israelitas fossem diferentes dos outros. O nome do Senhor na boca de Gideão (Juízes 8.19) não parece ter qualquer efeito sobre a sua atitude. Se o nome de algum outro deus tivesse sido pronunciado naquele momento, isso provavelmente não faria qualquer diferença, em termos do que se passou.

A fala de Gideão sobre não aceitar ser rei, porque o Senhor é que é o rei em Israel (v.22-23), soa bem naquele momento. Aqui já começa, aos poucos (mesmo que o verbo usado não seja o mais comum para denotar isso), a se insinuar a temática de um rei para os israelitas, coisa que mais tarde se imporá, mesmo que não sem controvérsia.

Seja como for, em vez de aceitar o poder que queriam lhe entregar, Gideão pede jóias para fazer uma estola que por fim, como diz o narrador, veio a se tornar um objeto de culto que acabou enredando a família de Gideão em idolatria (v.27), e com o qual todo Israel “se prostituiu” (v.27). Difícil é ser Deus, num contexto desses. Como Ele consegue aturar um povo assim, e seguir amando-o e investindo nele? Isto é um verdadeiro milagre, bem maior do que outros que tanto nos impressionam.

Enquanto Gideão viveu, parece que houve uma idolatria mais ou menos “controlada”. Depois que ele morreu, a coisa voltou a desandar por completo. Os israelitas voltaram a adorar os baals (v.33). Dessa vez, foram inclusive mais longe. Elegeram um novo deus, o Baal da Aliança (Baal Berite, v.34). Ou seja, transplantaram para esse Baal aquilo que só a Deus deveriam conceder. Por fim, aqueles que tinham prometido poder dinástico a Gideão e seus descendentes, acabam esquecendo também o que de bom ele fez pelo povo (v.35). 

Um final deprimente, não fosse pela notícia de que uma das concubinas de Gideão tinha um filho, Abimeleque (v.31). A menção dele, neste ponto, é promessa de acontecimentos futuros.

Dia 214 – Ano 1