Êxodo 10

Êxodo 10

No fim do trecho anterior é dito que o faraó e seus ministros “endureceram o coração” (Êxodo 9.34). O capítulo 10 começa com Deus dizendo que Ele endureceu o coração do faraó e de seus ministros (10.1). Conectar adequadamente essas duas afirmações não tem sido fácil. Por um lado, respeitar o que a Bíblia diz sobre o senhorio universal de Deus, por outro lado respeitar o que ela diz sobre a dignidade e liberdade que Ele concede ao ser humano, feito à Sua imagem.

Como as sete pragas até aqui não conseguiram quebrar a resistência do faraó, Moisés e Arão são mais uma vez enviados a ele com uma palavra da parte de Deus (10.3). A ameaça, agora, é uma praga de gafanhotos, uma das maiores desgraças possíveis naquela região. Dessa vez, a alta cúpula do Egito se desentende. Os ministros tentam convencer o faraó de que já era hora de mudar de tática, pois “o Egito está arruinado” (v.7). O faraó cede momentaneamente, mas tenta argumentar com os enviados de Deus (v.8-11). Deixar o povo todo ir, nem pensar. O resultado: o que ainda havia escapado do granizo (cf. 9.31-32) é destruído pelos gafanhotos (10.15). Nova confissão de pecado do faraó (10.16-17), nova intercessão de Moisés pelos egípcios (10.18-19), novo endurecimento do faraó (10.20).

Dessa vez, o faraó nem foi avisado da próxima praga: uma escuridão tão espessa que faz parar o Egito completamente por três dias (10.21-23). Humilhado, o faraó chama Moisés, mas ainda pretende ditar termos (10.24). Moisés já o enfrenta, agora, cara a cara (10.25-26), com coragem. Essa entrevista, a última, termina em rompimento total (10.28-29). Toda a paciência divina não surtiu efeito. O impasse, agora, impede qualquer novo entendimento. Certo é que Deus não iria permitir que a soberba e a maldade humana tivessem a palavra final, e impedissem Seu propósito amoroso para com a humanidade e o mundo.

Dia 64 – Ano 1

Êxodo 9

Êxodo 9

Há uma progressão na sequência das pragas, que vai fazendo aumentar o suspense e a sensação de que a situação está ficando intolerável. A quinta praga (Êxodo 9.1-7) foi uma peste que dizimou os rebanhos do Egito. Só os dos egípcios. Dos rebanhos dos israelitas não morreu “sequer um” (9.6). O faraó mandou conferir (9.7), e foi isso mesmo. Mas ele não dá o braço a torcer. 

A sexta praga (9.8-12) veio em forma de ulcerações, feridas abertas, tanto em pessoas como em animais. Os magos ultimamente já não tinham mais a pretensão de imitar o que Deus fazia através de Moisés e Arão. Mas ficavam por ali, curiosos, para ver se aprendiam alguma coisa. Dessa vez, porém, não conseguiram sequer ficar perto deles, por causa das feridas (9.11).

A sétima praga (9.13-35) foi uma chuva de pedras como nunca tinha se visto (v.18). Antes de ela começar, Moisés faz uma advertência ao faraó: se Deus quisesse, já tinha terminado com ele e todo o seu povo (v.15). Mas eles precisavam aprender a lição, que é o que mais importa. Precisavam conhecer o poder de Deus (v.16) e saber que Ele é único e não há outro (v.14). Que, como vai dizer uma das cartas do Novo Testamento muito tempo depois: “Ele é longânimo para com vocês, não querendo que ninguém morra, mas que todos possam se arrepender” (2 Pedro 3.9).

Nessa sétima praga, Deus dá aos egípcios uma chance de crerem nas palavras do Seu enviado e de tomarem providências para se salvar (Êxodo 9.19). E os egípcios acabaram se dividindo em dois grupos: os que temem o Deus dos israelitas (9.20) e os que não se importam com Ele (9.21). A tragédia de uns e o livramento de outros, levam o faraó a por a mão na consciência e admitir, diante de Moisés e Arão, que havia pecado (9.27). E prometeu deixar os israelitas irem embora (9.28). Moisés, porém, já tinha visto o suficiente para não mais confiar no faraó e seus ministros (9.29-30). Com razão (9.34-35).

Dia 63 – Ano 1

Êxodo 8

Êxodo 8

No trecho anterior vimos como teve início o confronto aberto entre os representantes de Deus e o faraó. Desde o primeiro momento, os egípcios começaram a sentir os efeitos dos golpes. Mas o faraó e seus sábios persistem em sua prepotência. Uma frase ressoa ao longo de todo o confronto. É a ordem de Deus ao faraó: “deixa meu povo ir, para que me sirva!” (Êxodo 8.1). Ninguém tem o direito de escravizar ninguém, e está na hora do poderoso governante aprender isso. E está na hora dos próprios escravos aprenderem isso também, o que não será tão fácil.

Das águas, feridas com sangue, surgem agora rãs, que se espalham gosmenta e barulhentamente por todo lado. Os sábios do faraó continuam orgulhosos de sua sabedoria, e produzem mais rãs ainda (8.7). Mas a essa altura isso já não parecia mais motivo de orgulho para o faraó, que chama Moisés e Arão para lhes pedir que peçam a Deus que pare com isso e que ele estaria disposto a atender o pedido deles (8.8). Mas logo se verá que é só uma tática para ganhar tempo.

A segunda praga levou o mau cheiro à terra, não só às águas (v.14). E é da terra que sairá a terceira praga: piolhos (v.16-17). Os magos do Egito tentam fazer isso, mas dessa vez não conseguem (talvez por não conseguirem parar de se coçar). Ao perceberem que o que estava acontecendo ia além de suas capacidades, reconheceram ali “o dedo de Deus” (v.19). Mas o faraó não se dobra. A quarta praga cobre o Egito de moscas. Quer dizer, quase todo o Egito. Dessa vez, Deus resolveu mostrar aos egípcios o Seu cuidado especial pelos israelitas, deixando fora a terra onde eles moram (v.22-23). O faraó tenta barganhar (v.25-29). Mas só para ganhar tempo. Seu coração continua duro (v.32). Mas ele sente os golpes. Já não fala mais do Deus dos israelitas com o mesmo desdém.

Dia 62 – Ano 1

Êxodo 7

Êxodo 7

Desde que Deus decidiu entrar em ação, os obstáculos vão se multiplicando. Uma boa oportunidade para o povo de Deus aprender uma lição das mais importantes: fé é seguir em frente, não obstante, apesar dos obstáculos. Novos obstáculos irão surgir como consequência do próprio agir de Deus. Isso tende a nos fazer esquecer que a vida antes era uma escravidão. Essa será uma tentação constante para os israelitas, nessa fase de sua caminhada na fé.

Deus insiste com Moisés: vai dizer as minhas palavras ao faraó (Êxodo 6.29; 7.1-2). E repete (7.4) o que já tinha dito a Moisés antes mesmo de tudo começar: que não ia dar certo! (cf. 4.21). Êxodo 7.10 coloca de novo Moisés e Arão diante do faraó. Começa, agora, o confronto aberto entre o enviado do Senhor do universo e o faraó, o senhor do mundo. No primeiro confronto, o assistente de Moisés enfrenta os assistentes do faraó. O cajado de Arão engole todos os outros (7.10-13). Isto é como que uma prévia do que está por vir. No dia seguinte, Deus manda Moisés e Arão confrontar o faraó novamente, quando este sai para se banhar no rio (7.15). Naquele dia, o banho do faraó acabou literalmente num banho de sangue.

Começa agora uma sequência de ações duras que Deus manda sobre o Egito. A linguagem bíblica as chama de “pragas”. A primeira é recebida com certo desdém pelos assistentes do faraó. Também eles sabem como transformar água em sangue (7.22). E assim eles, orgulhosamente, trazem ainda mais sangue sobre o Egito. A ironia da situação só não é percebida por eles e pelo faraó, que segue seu caminho impávido (7.23). A população em geral, no entanto, começa a sentir o peso da arrogância e insensibilidade dos seus líderes (7.24-25). Não há mais água para beber. Além disso, os peixes começaram a morrer e o cheiro se torna insuportável.

Dia 61 – Ano 1

Êxodo 5 — 6

Êxodo 5 — 6

O trecho anterior termina com uma nota de otimismo. Os israelitas no Egito acreditaram no que Moisés e Arão lhes tinham dito: que Deus tinha visitado Seu povo (Êxodo 4.31). Parece que a coisa vai ser rápida. Deus está abençoando. O próximo passo é transmitir a palavra de Deus ao faraó, e exigir-lhe que deixe os israelitas se irem do Egito. 

Aí começam os problemas. A resposta do faraó é cheia de despeito: “e quem é o Senhor? Nem sei quem é…” (Êxodo 5.2). Mas esse despeito lhe custará caro, a ele e a todo o povo e a terra do Egito, como veremos. A reação do faraó é típica de governantes que interpretam os protestos populares como causados pela falta de ter o que fazer (5.4-5). Ele toma medidas duras. Com esperteza, faz com que as lideranças do povo se dividam, e que uns paguem pela “ousadia” dos outros (5.14). O v.21 mostra a animosidade entre as lideranças israelitas. O próprio Moisés tem que reconhecer que tudo está dando errado. E se queixa amargamente. De repente, parece que é o próprio Deus que está afligindo o povo, e não o faraó (5.22). Em nome de Deus, ele tinha prometido libertar o povo; mas até agora, nada (5.23), estava pior que antes.

A resposta de Deus a Moisés é uma aula de história, começando pelos patriarcas antigos (Êxodo 6.2-4). E lhe assegurando que essa mesma história prossegue, e que o próximo passo será a libertação dos israelitas no Egito. Mas o povo estava tão esgotado que não conseguia mais acreditar em nada (6.9). Moisés, por sua vez, não sabia mais o que fazer: se seu próprio povo não o ouvia, como o faraó o ouviria? (6.12). E volta a insistir na sua incapacidade (6.12,30). Entre Êxodo 6.12 e 6.30, está a genealogia de Moisés (6.14-27), colocada ali para deixar claro que é este incapaz, sim, que Deus escolheu!

Dia 60 – Ano 1

Gênesis 41

Gênesis 41

Dois anos se passaram. Para José na prisão, quase uma eternidade. Certo dia, enviados do faraó descem apressadamente à sua cela e o conduzem ao faraó (Gênesis 41.14). Talvez tenha chegado o dia do julgamento. As apreensões começam a se dissipar quando o faraó lhe explica que tinha tido um sonho que ninguém estava conseguindo interpretar, e que tinha ouvido dizer a respeito de José que este “ouve um sonho e já lhe vem a interpretação” (41.15). O texto já tinha contado o sonho do faraó, e como o superintendente havia lembrado do jovem hebreu que, na prisão, tinha interpretado o sonho que ele e o outro funcionário do palácio tinham tido, dois anos atrás (41.1-13).

Os sentidos de José se aguçam. Sua resposta ao faraó mostra-o deixando de se preocupar com sua miséria e voltando-se para a bondade do Senhor do universo (41.16: “não em mim, mas Deus…”). O narrador repete, então, o sonho, dessa vez o faraó o conta a José (41.17-24). A repetição sublinha o sentido épico daquele evento. E de fato, José ouve o sonho e já lhe vem a interpretação. Mas não só ele dá o crédito a Deus (41.16), mas declara que no sonho Deus falou ao faraó o que está para fazer (41.25,28). A interpretação do sonho e a sabedoria do conselho de José deixam claro, para o faraó, que o Espírito de Deus está em José (41.38), e que tudo vem de Deus (41.39). Assim, a situação de José tem uma virada inesperada. De prisioneiro ele passa a regente, para conduzir os caminhos do império egípcio durante os anos seguintes.

Este capítulo mostra o Espírito de Deus se manifestando nos sonhos de um governante que não faz parte do “povo de Deus”. Mostra o Espírito de Deus se manifestando na interpretação de sonhos do cotidiano, e em conselhos de sabedoria “mundana”. “Para manter viva muita gente”, como o texto bíblico vai dizer em retrospecto (Gênesis 50.20).

Dia 47 – Ano 1